Publicado/atualizado: abril/2024
Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência
Presidente: Luci Yara Pfeiffer
Secretária: Adriana Rocha Brito (Relatora)
Conselho Científico: Márcia Maria Fonseca Barreto
Marco Antônio Chaves Gama
Maria de Fátima Fernandes Géa
Rachel Niskier Sanchez
Sarah Saul
Tania Maria Russo Zamataro
Queimaduras são lesões na pele ou outros tecidos do corpo decorrentes de exposição ao calor, à substâncias químicas ou à eletricidade.
As queimaduras podem ser causadas por agentes de natureza térmica, química e elétrica.
As lesões térmicas são determinadas pelo contato com fogo e chama; por meio do escaldamento ocasionado por líquidos superaquecidos; através do contato com objetos quentes e também pela exposição aos raios solares.
As queimaduras químicas são resultado do contato com substâncias como os produtos de limpeza, soda caústica, outros álcalis, ácidos, conteúdos de baterias e pilhas, dentre outros.
As lesões por eletricidade são decorrentes de uma descarga de corrente elétrica que provoca queimaduras de níveis leves de gravidade até a morte. São causadas por corrente de baixa voltagem, alta tensão ou raio. As mais frequentes são provocadas por baixa voltagem, pela inserção de dedos ou objetos metálicos nas tomadas desprotegidas, fios desencapados e extensões.
As queimaduras são causas frequentes de internação hospitalar na faixa etária pediátrica, de tratamento longo e doloroso, com grande possibilidade de complicações. Leva, muitas vezes, à necessidade de hospitalização prolongada, com risco de deixar sequelas estéticas, funcionais e na esfera psicológica e, sobretudo, risco de morte.
Crianças pequenas são mais vulneráveis. Dados recentes do Ministério da Saúde apontaram os altos números de hospitalização em 2021 devido ao contato com fonte de calor e substâncias quentes, especialmente entre 1 e 4 anos de idade, que corresponde a 62% dos casos referentes à faixa etária de 0-19 anos. Cerca de 23% dos óbitos devido a queimaduras no mesmo ano aconteceram nesta mesma faixa etária, sendo, portanto, fundamental o alerta que a maior parte das queimaduras pediátricas acontece em crianças de até 4 anos de idade e são decorrentes de acidentes domésticos.
As queimaduras térmicas são as mais frequentes na faixa etária pediátrica, especialmente as escaldantes, causadas por líquidos quentes, e as ocasionadas pelo contato com fogo, chamas e objetos quentes.
A cozinha é o lugar mais perigoso para a criança, e, onde acontece a maioria das queimaduras, até o final da idade escolar.
1) Preferencialmente não tenha em casa produtos cáusticos ou abrasivos, mas, se forem obrigados a tê-los, os armazenem fora da visão e do alcance da criança e do adolescente, trancados em local desconhecido destes e seguro;
2) Nunca transferir produtos abrasivos, cáusticos ou outros que possam causar queimaduras e ou intoxicações para o humano para embalagens diversas ou atrativas, como garrafas de refrigerantes (manter em suas embalagens originais);
3) Nunca adquirir produtos clandestinos;
4) Atenção aos totens com álcool em gel em ambientes frequentados por crianças e adolescentes, para que não atinjam seus rostos e especialmente olhos, cuidando para que não se aproximem de fontes de fogo logo após este uso;
5) Nunca deixar ao alcance de crianças e adolescentes, pilhas e baterias, mesmo as já utilizadas.
1) Evitar os brinquedos elétricos com componente de aquecimento (tomadas elétricas e baterias) para crianças com idade inferior a 8 anos;
2) Usar protetores de tomada em todas as tomadas que não estão sendo usadas;
3) Manter aparelhos elétricos desligados das tomadas;
4) Eletrodomésticos, fios e extensões devem estar fora do alcance de crianças. Evite usar benjamins ou extensões;
5) Não deixar uma criança brincar com objetos metálicos que possam ser introduzidos em tomadas elétricas;
6) Verificar com regularidade o estado das instalações elétricas;
7) Não mantenham ligações elétricas irregulares em suas casas;
7) Não permitir brincadeiras com pipas perto da rede elétrica, não permitir o uso de cerol nos fios, e não deixar que crianças e adolescentes tentem retirar fios enroscados em fiação elétrica.
Nas queimaduras na pele deve-se tentar resfriar, o mais rápido possível, a área queimada, deixando-a sob a água corrente fria (e não gelada) por vários minutos. Não remova tecido de roupa aderido na lesão, apenas coloque a região embaixo da água fria até que possa ser retirado sem piorar a lesão. Caso o tecido continue grudado na pele, corte a parte solta do tecido ao redor da lesão.
Não se deve colocar nenhuma substância ou produto na área queimada, como manteiga, óleo de cozinha, pó de café, pasta de dente, gelo, etc. e nunca romper as bolhas, caso se formem.
Retirar qualquer objeto que esteja em contato e/ou que possa comprimir a região em caso de edema, como joias, bijuterias, roupas (recortando a roupa nas áreas onde não está aderida à queimadura), órteses.
Não toque na área lesada, proteja a superfície com um pano limpo e busque atendimento médico imediatamente.
Remover a substância lavando com água corrente por pelo menos 20 minutos.
No caso do álcool gel atingir os olhos, deve-se lavar a área abundantemente com água e levar imediatamente a uma unidade de emergência para o primeiro atendimento.
A ingestão ou suspeita de ingestão de substância corrosiva é considerada uma emergência e a criança e o adolescente deverão ser rapidamente levados para um serviço médico de emergência.
Em caso de queimaduras elétricas não tocar na vítima antes de desligar a fonte da energia elétrica e buscar socorro imediato, porque em geral são quadros bastante graves.
Em casos de incêndios é fundamental a avaliação cuidadosa de crianças e adolescentes em serviço médico de referência, devido à possibilidade de efeitos graves pela inalação de fumaça, podendo ocorrer lesão térmica e química das vias aéreas e pulmões, além de intoxicação.