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Amamentação e a vida sexual do casal

Departamento Científico de Aleitamento Materno 

  • A chegada de uma criança numa família e os cuidados que ela requer, incluindo a amamentação, mobilizam grande intensidade de sentimentos e energia. É de se esperar que a amamentação possa afetar a vida sexual do casal, devido ao grande envolvimento físico, emocional e pessoal que ela demanda.

  • O intenso envolvimento da mãe com a amamentação e com os cuidadoscom a criança pode deixá-la com menos interesse e disposição para retomar sua vida sexual no mesmo ritmo anterior ao parto. Existem também fatores físicos e hormonais que interferem tanto no desejo quanto no desempenho sexual da mulher.

    Após um parto vaginal, com ou sem episiotomia, a mulher pode sentir algum desconforto, dolorimento ou sensação de inchaço no períneo que pode persistir por alguns meses após o parto. Para as mães que tiveram seus filhos por cesariana, a dor no local da incisão, o desconforto com a sutura (pontos) e até mesmo o medo de causar alguma lesão também interferem no desejo sexual.

    Mudanças hormonais bastante intensas, como a diminuição do estrogênio durante o período de amamentação, resultam em redução do desejo sexual e menos lubrificação da mucosa vaginal, podendo gerar desconforto durante a relação sexual. Tenham sempre à mão generosa quantidade de lubrificante vaginal à base de água!


     

  • De fato, muitas mulheres referem cansaço físico, alteração do sono, desinteresse ou mesmo algum grau de depressão durante o período de amamentação como causas de falta de desejo ou desinteresse em retomar sua vida sexual.

    O envolvimento da mulher com a amamentação e também com os cuidados da criança, como trocar fraldas, dar banho ou ajudar o bebê na hora do sono,podem interferirno seu desejo sexual.

    É possível dizer que, às vezes, a mulher “tem tempo, mas não tem vontade”, e em outras situações,“quando tem vontade não tem tempo!”.

    A declaração de uma mãe resume muito bem esses sentimentos:“Nossas prioridades mudam! Quando você tem filhos, existem muitas outras coisas para fazer e seus valores mudam!”.

     

  • Não existe um tempo definido, depende muito de como a mulher – e o casal! – estáse sentindo durante esse período. Uns retornam nas primeiras semanas, enquanto que em outras culturas esse período pode levar alguns meses.


    Alguns estudos em diversos países e com diferentes culturas mostraram que o tempo médio para o retorno da vida sexual ativa é de 6 a 8 semanas.

  • É importante que o casal converse francamente sobre esse assunto e decida em conjunto o que fazer. É possível que outras práticas sexuais “alternativas” satisfaçam o desejo do casal nesse período. Sejam criativos!

    Como a amamentação é um momento de intensa intimidade e afeição entre a mulher e seu filho, alguns companheiros podem se sentir excluídos da relação.

    Pode aparecer um grau variado de desconforto ou desinteresse por sua companheira com as mamas cheias de leite, algumas vezes até gotejando durante os jogos ou o ato sexual - consequência da liberação de oxitocina, um hormônio que está ligado tanto à amamentação quanto à excitação sexual. Por outro lado, outros companheiros podem ter até mais desejo ou excitação sexual ao observar ou manipular as mamas cheias de leite de sua companheira!

    Esses assuntos devem ser tratados com franqueza, bom humor e certa leveza, evitando externar ideias preconceituosas.

    Se necessário, busque apoio e esclarecimentos com seu Pediatra ou Obstetra. Converse sobre esse assunto nas consultas de revisão, especialmente nos primeiros meses após o nascimento da criança.

    O casal deve procurar compreender o que acontece nessa fase da vida da família para passar por esse período com tranquilidade, carinho e satisfação!