Publicado/atualizado: abril/2024
Dra Melissa Palmieri
Departamento Científico de Imunizações
A dengue é uma doença febril aguda causada por vírus, transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, prevalente em regiões tropicais e subtropicais. A Organização Mundial da Saúde estima que ocorram aproximadamente 390 milhões de infecções por dengue anualmente no mundo, com cerca de 96 milhões dessas infecções manifestando-se em formas variadas da doença. Somente no Brasil, em 2023, foram notificados 1,6 milhão de casos de dengue, com 1.094 resultando em mortes. Os números continuam a aumentar, com quase 3 milhões de casos e 1.044 óbitos registrados até a primeira semana de abril deste ano, evidenciando a gravidade e a expansão da doença.
Os sintomas da dengue variam desde formas leves e assintomáticas até quadros graves e potencialmente fatais, que se caracterizam por sangramentos e queda de pressão arterial, podendo levar a um estado de choque. Febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares, e manchas vermelhas na pele são sintomas típicos. O surgimento de sinais e sintomas suspeitos da doença reforça a necessidade de buscar atendimento médico, enfatizando a importância da hidratação precoce e tratamento dos sintomas.
Para prevenir a dengue, é essencial focar no controle do mosquito transmissor, evitando água parada e utilizando medidas de proteção individual, como repelentes e roupas adequadas. Além disso, o desenvolvimento de vacinas, amplia as estratégias de enfrentamento da doença.
Em 2023, uma nova vacina foi aprovada no país com disponibilidade inicial nos serviços privados de imunizações com o nome de Qdenga®, indicada para crianças a partir de 4 anos até adultos de 60 anos, em um esquema vacinal de duas doses (0 e 3 meses). Em 2024 incorporou-se ao Programa Nacional de Imunizações para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em apenas algumas cidades de maior incidência da doença.
Projetada para proteger contra os quatro tipos do vírus da dengue possui eficácia em indivíduos que nunca foram expostos aos vírus, bem como naqueles que já tiveram a infecção anteriormente. Nos ensaios clínicos mostrou-se com perfil de segurança favorável e eficaz na prevenção de casos de dengue sintomáticos (80,2% no primeiro ano pós vacinação e 61,2% em 4,5 anos de acompanhamento) e hospitalizações decorrentes da doença (90,4% no primeiro ano pós-vacinação com eficácia sustentada em 84,1% em 4,5 anos de acompanhamento). Por ser uma vacina de vírus vivo atenuado, há poucas contraindicações. Como exemplo, grávidas e pessoas imunossuprimidas não podem receber a vacina. Por isso é sempre importante questionar o médico se a vacina pode ser administrada em sua criança e/ou você.
A Sociedade Brasileira de Pediatria solicita que os pais fiquem atentos ao chamado pelos programas municipais de imunizações nas cidades que disponibilizarem a vacinação.
Por fim, a integração entre vigilância ambiental, epidemiológica e suas medidas preventivas, bem como a educação em saúde permanecem como as estratégias essenciais para o combate à dengue.