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Dúvidas frequentes em vacinação

Publicado/atualizado: janeiro/2023

Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial

  • A vacinação é obrigatória? Se a família não quiser vacinar suas crianças, poderá fazer essa opção?

A vacinação no Brasil é obrigatória e amparada pela Constituição Federal, pelo Código Penal e por políticas de saúde pública, inclusive com penas previstas para os responsáveis pelas crianças que não cumprirem essa determinação. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) especifica que “é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias” e a  Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente (CDCA) considera que “a recusa em vacinar os filhos é um ato de negligência e pode ser considerado um crime grave, dependendo das circunstâncias”.

  • As vacinas são seguras?

Sim. Todas as vacinas antes da aprovação foram submetidas a testes rigorosos ao longo das diferentes fases de estudos e seguem sendo avaliados regularmente depois que começam a ser usadas, quanto à proteção e às reações que podem causar.

Os benefícios da vacinação superam os riscos de reações, considerando que muitas outras doenças e mortes ocorreriam sem as vacinas.

  • Por que devemos continuar a receber vacinas para doenças que não estão ocorrendo em nosso meio?

Além de proteger a saúde individual, vacinar a maior parte da população possibilita a eliminação de doenças graves do cenário mundial. Quando se deixa de vacinar, a proteção da população diminui e as doenças voltam, o que pode aumentar a mortalidade infantil e de outras faixas etárias. Um exemplo é o sarampo que já não ocorria no Brasil há mais de duas décadas e voltou porque as coberturas vacinais baixaram, deixando a população desprotegida. 

  • Usar tantas vacinas pode sobrecarregar o sistema de defesa da criança?

Não. Cada vacina estimula a produção de anticorpos específicos, como se a pessoa tivesse apresentado a doença. O sistema de defesa é mais exigido e sensibilizado com a exposição a outros elementos estranhos na rotina, como por exemplo, o consumo de alimentos industrializados ou contaminados por agrotóxicos, cujos componentes químicos exigem reações a essas substâncias estranhas.

  • As vacinas podem causar reações indesejadas?

Sim. As reações mais comuns são febre, dor, endurecimento e vermelhidão no local da aplicação, mas cada vacina poderá causar reações diferentes. A maioria das reações não contraindica prosseguir com a vacinação. As tecnologias mais modernas para produção de vacinas têm reduzido consideravelmente a ocorrência de reações indesejadas.

  • Se a criança teve febre nas primeiras doses de vacinas, deverá interromper a vacinação?

Não. A febre é uma reação esperada para várias vacinas e não contraindica continuar com os esquemas vacinais. 

  • Bebês prematuros só devem começar a tomar as vacinas quando tiverem a idade corrigida de nove meses?

Não. O prematuro deverá receber a vacina contra hepatite B ao nascimento independente do peso e da idade gestacional (duração da gravidez). Para a vacina BCG é necessário ter peso mínimo de 2,0 Kg, bem como para as demais vacinas, as quais devem ser administradas nas idades cronológicas correspondentes, ou seja, ao completar os dois meses e em todas as idades seguintes recomendadas. Há um calendário especial de vacinação para o prematuro, o qual deve ser seguido.

  • Meu filho completou nove meses e nunca comeu ovo. É preciso fazer o “teste do ovo”, para ver se tem alergia, antes de dar a vacina contra febre amarela?

Não. Esse “teste” é uma prática sem recomendação médica. A idade ideal de introdução do ovo na alimentação é entre seis e sete meses, porém se a criança não tiver o ovo em sua rotina alimentar ao completar os 09 meses de idade, ainda assim deverá receber a vacina contra febre amarela. A mesma conduta está recomendada para a vacina contra influenza (gripe).

  • Se a criança está na época de tomar vacinas, mas está em uso de antibiótico, como proceder?

Deverá vacinar normalmente, pois uso de antibiótico não contraindica a vacinação, desde que a criança esteja bem. A contraindicação seria se a criança estivesse com infecção grave, em internação hospitalar.

  • E se estiver em uso de corticóides?

Deverá vacinar normalmente, caso a dose seja baixa e o uso por tempo inferior a 15 dias. O pediatra deverá ser consultado a esse respeito, uma vez que doses altas e por tempo prolongado podem diminuir a defesa do corpo e contraindicar as vacinas de vírus vivos atenuados. 

  • Hoje meu filho teve febre alta (temperatura = 39°C) e amanhã é dia de vacinação. Devo vaciná-lo?

Deverá adiar a vacinação até a definição diagnóstica e a resolução da febre, quando poderá dar sequência à vacinação.  

  • Meu filho está resfriado, com espirros, coriza, tosse discreta e teve febre menor do que 38°C. Posso vaciná-lo ou devo esperar melhorar?

Nesse caso, não é necessário adiar a vacinação, poderá vacinar, sem problemas, já que o caso sugere um resfriado leve. 

  • Estamos preocupados porque ouvimos falar que vacinas causam autismo nas crianças, é verdade?

Não. Houve no passado uma tentativa de associar a vacina tríplice viral ao autismo, entretanto, pesquisas realizadas posteriormente demonstraram que o trabalho era uma fraude e que as vacinas são seguras e não causam o transtorno do espectro autista (TEA). O autor do trabalho reconheceu o erro e o trabalho foi excluído da publicação. 

  • Se o leite materno protege contra infecções, porque mesmo em aleitamento materno exclusivo devemos vacinar as crianças?

O leite materno oferece proteção temporária contra as doenças que a mãe já teve e para as quais elaborou anticorpos. Como essa proteção não abrange todas as doenças e é de curta duração, em torno de seis a nove meses, é necessário oferecer às crianças uma proteção mais duradoura, através da vacinação.