Publicado/atualizado: julho/2023
Departamento Científico de Imunizações
A febre amarela é uma doença febril aguda, que se apresenta em geral com febre alta, calafrios e dor de cabeça, dores musculares e algumas vezes náuseas e vômitos, durando aproximadamente três dias. A partir deste quadro inicial geralmente evolui para a cura. Alguns casos pessoas podem evoluir para a forma grave após 2 a 3 dias, quando a febre retorna acompanhada de vômitos e sangramentos, além da típica coloração amarelada da pele e dos olhos.
A doença é causada por um vírus, denominado Arbovírus, do gênero Flavivírus, que é encontrado em primatas (macacos) e também em alguns mosquitos e eventualmente em seres humanos.
A transmissão ocorre em dois ciclos diferentes: urbano e silvestre. O principal agente e transmissor da febre amarela silvestre é o mosquito do gênero Haemagogus, que infecta seu hospedeiro natural, o macaco. O ser humano não imunizado entra neste ciclo de transmissão de forma acidental. Os casos de febre amarela em humanos e primatas não humanos (epizootias) apresenta um comportamento sazonal, com aumento no número de casos entre os meses de dezembro e maio.
Já na febre amarela urbana o mosquito Aedes aegypti é o transmissor, neste caso de humanos para humanos. A doença não é transmitida diretamente de uma pessoa para outra.
IMPORTANTE: Os macacos não transmitem a febre amarela! Eles são importantes sentinelas para alertar as regiões onde o vírus da febre amarela está circulando.
Não existe transmissão inter-humana, é preciso sempre a participação do mosquito. O sangue dos doentes é infectante entre 48hs antes do início dos sintomas até 3 a 5 dias após o início da doença.
Devido ao aumento das áreas de circulação do vírus da febre amarela no Brasil o Ministério da Saúde, em março de 2018, ampliou as áreas de recomendações de vacinação contra FA. Consequentemente a recomendação atual é a vacinação em todo território nacional.
Sim a vacina é extremamente segura e com excelente resposta imune (acima de 98%). Tem sido utilizada para prevenção da doença desde 1937. Confere imunidade em praticamente 100% dos vacinados. Como a vacina contém o próprio vírus da febre amarela vivo e atenuado (enfraquecido), existe uma pequena chance de a vacina desenvolver a doença, no entanto, na proporção de um caso para cada 500 mil doses de vacinas aplicadas, ou seja, algo extremamente raro frente à gravidade da doença.
É recomendada pelo PNI em duas doses para crianças menores de 5 anos de idade, aos 9 meses e 4 anos. Se a primeira dose foi administrada antes dos 5 anos, está indicada uma segunda dose, independentemente da idade atual. Se aplicada a partir dos 5 anos de idade em dose única. A SBP sugere a aplicação de uma segunda dose também para crianças e adolescentes que iniciaram o esquema acima de 5 anos de idade, com o intuito de prevenir falhas vacinais.
Como a vacina contém o vírus vivo atenuado (enfraquecido) e é cultivada em ovos de galinhas, existem algumas restrições quanto ao seu uso: pessoas com relato de choque anafilático relacionado a proteína do ovo não devem ser vacinadas e pessoas em tratamento com drogas imunossupressoras, em quimioterapia e/ou outros tratamentos com alteração da imunidade, devem ser avaliadas criteriosamente por médico, previamente à administração da vacina.
Nas gestantes a vacina de FA deve ser adiada, exceto em situações de alto risco e após avaliação médica do risco-benefício, ela poderá ou não ser realizada.
Mulheres que estão amamentando crianças menores de 6 meses podem receber a vacina da FA, porém, neste caso, devem interromper a amamentação por um período de 10 dias.
A vacinação é a medida mais eficaz no controle da doença, porém, vale lembrar que além da vacina, deve-se manter os cuidados para evitar a proliferação dos mosquitos, mantendo as casas e ruas limpas sem acúmulo de água parada, local ideal para reprodução dos vetores (mosquitos).