Publicado/atualizado: julho/2023
Departamento Científico de Imunizações
A doença meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo). Existem pelo menos 12 diferentes tipos de meningococo, denominados de sorogrupos. Os sorogrupos A, B, C, W e Y são responsáveis pela maior parte das doenças graves provocadas por esta bactéria. No Brasil a doença ocorre o ano todo, havendo surtos ocasionais e, levando em consideração todas as faixas etárias, o sorogrupo C é o mais frequente. Com a introdução da vacina meningocócica C no SUS em 2010, houve queda na incidência da doença causada por este sorogrupo, especialmente nos menores de cinco anos. Atualmente os casos de meningite meningocócica em menores de cinco anos geralmente são pelo sorogrupo B.
A doença é transmitida pelo contato com secreções respiratórias (tosse, espirros, beijo, etc.). É uma doença que progride rapidamente, podendo atingir o sangue, levando a um quadro de septicemia e atingir o sistema nervoso central, ocasionando meningite. É uma doença muito grave, em que aproximadamente 20% das pessoas afetadas morrem, mesmo que o tratamento seja adequado. Das pessoas que sobrevivem, cerca de 20% apresentam algum tipo de sequela, como perda de membros, lesão cerebral e perda da audição. O diagnóstico e tratamento têm que ser realizados muito rapidamente para um melhor prognóstico.
Sim, existem vários tipos de microrganismos capazes de causar meningites (vírus e bactérias) e uma mesma criança ou adolescente pode ser acometido(a) pela doença mais de uma vez. Em relação à doença meningocócica, a repetição de infecção também pode ocorrer, principalmente em indivíduos com algum tipo de imunodeficiência.
A melhor prevenção é através de vacinas. No Brasil, são disponíveis três tipos de vacinas:
1)Meningocócica C – utilizada no Programa Nacional de Imunizações (PNI), sendo recomendada no calendário vacinal da criança em três doses: 3, 5 e 12 meses.
2)Meningocócica ACYW – recomendada no calendário do PNI para adolescentes com idade entre 11 e 14 anos. A SBP recomenda que preferencialmente se utilize esta vacina no primeiro ano de vida (3, 5 e 12 meses) pelo seu maior espectro de proteção.
Meningocócica B – disponível somente na rede privada e recomendada no calendário da criança aos 3 e 5 meses com reforço após um ano de idade. Quando a vacina não é administrada no primeiro ano de vida, o esquema varia com a faixa etária.
Dependendo do tipo de contato com o paciente, pode ser necessário o uso de antibióticos específicos, iniciados preferencialmente nas primeiras 24 horas pós exposição. O tempo de incubação da doença meningocócica é muito curto, não havendo tempo para que a vacina proteja caso seja feita por ocasião do contato.
Não. A vacina não contém componentes vivos das bactérias e não há nenhuma possibilidade deste evento ocorrer.
De maneira geral, as vacinas conjugadas C e ACWY e a vacina contra o meningococo B podem causar reações leves, como febre, dor e vermelhidão no local da aplicação. Estas reações persistem geralmente até 48 horas e desaparecem espontaneamente.
Não é uma vacina recomendada para gestantes, exceto quando há uma situação de risco: epidemias ou viagens para aéreas de risco, devendo ser avaliado a situação individualmente.
Pacientes com histórico de reação alérgica grave à vacinação meningocócica prévia. A vacinação deve ser adiada na vigência de doença febril aguda.
Como a proteção não é permanente para as vacinas meningocócicas conjugadas, o Ministério da Saúde recomenda reforço com a vacina ACWY aos 11 anos. Outro aspecto importante da vacinação do adolescente é a diminuição da circulação da bactéria, já que geralmente são eles os maiores responsáveis pela disseminação da doença. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) preconiza doses de reforço da vacina ACWY, após o esquema primário, aos 6 e 11 anos de idade. Adolescentes sem vacinação prévia recebem duas doses, com intervalo de cinco anos. Quanto à vacina meningocócica B, não há recomendação de doses de reforço.
Os casos de meningite meningocócica em adultos são pouco comuns, por isso a vacinação de adultos saudáveis deve ser considerada somente em situações de risco: surtos na comunidade e viagens para locais onde há risco de transmissão, por exemplo. Algumas pessoas, no entanto, têm condições de saúde que as tornam altamente suscetíveis à doença. É o caso daquelas que vivem com HIV/Aids, com asplenia (ausência ou mal funcionamento do baço), das que fazem uso de medicamentos ou tratamentos imunossupressores, entre outros. Para esses grupos, as vacinas meningocócicas são recomendadas com esquemas que podem ser diferentes, dependendo da condição clínica.
Converse sempre com seu pediatra. Ele saberá lhe informar qual(is) vacina(s) são necessárias e o número de doses, que varia conforme a idade. E lembre-se, prevenir é sempre o melhor remédio!