Na década de 1980, a cada 100 crianças nascidas, somente cinco ficavam em aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida. De acordo com o último Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), realizado no Brasil, em 2019, de cada 100 crianças que nascem, 45 continuam sendo amamentadas exclusivamente até o sexto mês de vida. Os resultados apontam para uma alta no índice de aleitamento materno no País. No entanto, nós, médicos pediatras, sabemos da importância de melhorar esses indicadores. Queremos que todas as crianças tenham o direito de ser amamentadas. Um direito que também é da mãe.
O leite materno é padrão ouro da alimentação infantil e supre todas as necessidades nos primeiros anos de vida da criança. A amamentação exclusiva até o sexto mês de vida traz inúmeras vantagens para a saúde do bebê – podendo ser estendida por até dois anos ou mais com a introdução de outros alimentos – com benefícios também para a mãe.
É uma experiência que favorece a boa nutrição para a criança e a forma de proteção mais econômica e eficaz para a redução das taxas de mortalidade infantil e de desigualdade social. Reduz em até 13% os índices de mortes de crianças menores de cinco anos. Contribui para o fortalecimento do vínculo com o filho, auxiliando-o, inclusive, no desenvolvimento emocional, intelectual, cognitivo e ainda atua de forma positiva na imunidade.
Para a mulher, previne doenças como o câncer de mama, de ovário e de útero, além de diabetes e hipertensão. Todos esses aspectos são enfatizados pelo médico, que, como rede de apoio, traz orientações que podem fazer a diferença no momento da amamentação.
Desse modo, promover a conscientização e o envolvimento de profissionais de saúde, empregadores e familiares na proteção da amamentação é nosso objetivo permanente!
Como dissemos anteriormente, os índices de aleitamento exclusivo no País entre menores de seis meses passaram de cerca de 3%, em 1986, para mais de 45% em 2020, segundo o Enani. Já o aleitamento para crianças com até quatro meses foi de 4,7% para 60% no mesmo período. É inegável que esse aumento é positivo.
Entretanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem como meta elevar as taxas mundiais de aleitamento materno dos atuais 41% para 55% e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) continua trabalhando intensamente para que essa missão se concretize no Brasil. Em suas ações, reforça o papel da categoria na alimentação infantil, em especial no estímulo e defesa do aleitamento materno, visando contribuir ainda mais para o aumento das taxas mundiais.
A missão é complexa, mas seguimos comprometidos na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. Inclusive, nesta 28a edição do SBP AmamentAÇÃO, você encontra informações e materiais atualizados sobre a temática do aleitamento materno e alimentação complementar saudável. Bebês que são amamentados são mais saudáveis. E suas mães também. Vamos juntos fortalecer e incentivar a amamentação, que é sinônimo de saúde e vida para crianças do nosso País!
Com meus melhores cumprimentos,
Clóvis Francisco Constantino
Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)