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PALAVRA DA DIRETORA
PALAVRA DA FILIADA
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No século XX, as maiores preocu-
pações em relação à saúde infantil
eram as infecções, a desnutrição e
as altas taxas de mortalidade. Hoje,
assistimos a um panorama diferente
graças ao desenvolvimento socioeco-
nômico do País, à expansão do sane-
amento básico e às ações específicas
no campo da Saúde. Agora, os desafios
são de outra natureza, mais complexos
e interdisciplinares, exigem do Pedia-
tra uma formação mais ampla, que
abrange desde a genética à sociologia.
A Pediatria integra o conhecimento
dos ciclos de vida do indivíduo, desde
a vida intrauterina até a adolescên-
cia, quando já se identificam fatores
de risco para doenças presentes e
futuras, que comprometem a vida do
adulto de acordo com a pressão do
meio ambiente e poderão ser causa
de morbidade e mortalidade. Assim,
desde os primeiros momentos da
existência humana, cabe ao Pediatra
cuidar, observar criteriosamente o
processo de crescimento e desenvol-
vimento. Isto envolve conhecimento
multidisciplinar, em um contexto
único, no qual cada criança deve ser
vista segundo sua especificidade.
Não é mais possível fragmentar con-
teúdos, fato que implicaria o risco de
perder-se a visão do todo. Pesquisas
apontam a importância crescente da
genética na elucidação de fatores de
risco que podem levar a morbidades
específicas. Mais recentemente, a epi-
genética procura explicar a influência
de fatores ambientais na expressão
do DNA. Observamos, portanto, uma
situação em que o ambiente determi-
na a expressão – ou não – da carga
genética. Portanto, os novos rumos do
pensamento pediátrico levam à neces-
sidade de entender a especialidade
dentro da perspectiva da integralidade
de disciplinas.
O crescimento e o desenvolvimento
na primeira infância constituem o pe-
ríodo mais importante do ciclo de vida
diretamente relacionado ao despertar
das potencialidades de cada indivíduo
e às implicações na vida econômica de
um país. Assim sendo, o crescimento
e desenvolvimento humano, sob a luz
das influências ambientais, compre-
endidas como o conjunto composto
pela genética, condições de vida,
hábitos, estilos de vida, subjetividade
e educação devem constituir o eixo
estruturante do ensino da Pediatria
hoje. A patologia, o diagnóstico e a
terapêutica dos agravos agudos e crô-
nicos deverão estar inseridos e rela-
cionados com o eixo principal. Enfim,
é urgente a revisão dos conteúdos e
das práticas no Ensino de Pediatria e
a SBP vem buscando esse diálogo com
as escolas médicas e as instituições
governamentais responsáveis pelas
normatizações curriculares.
Sandra Grisi
Diretora de Ensino e Pesquisa da SBP
O pediatra é, antes de tudo,
um forte.
Parafraseando Euclides da
Cunha, autor de “Os Sertões”, me arrisco
a dizer que o pediatra, como “o sertane-
jo, é, antes de tudo, um forte”.
O pediatra é forte quando cobra
políticas públicas das autoridades para
que realmente cumpram o Estatuto da
Criança e do Adolescente, assegurando-
-lhes proteção integral.
E quando, preocupado com um
atendimento de qualidade, enfrenta as
dificuldades impostas pelo dia a dia da
profissão e busca aprimorar sua quali-
ficação.
O pediatra é ainda mais forte quando
corre atrás de sua valorização, buscando
melhores salários e condições de traba-
lho que tornem sua profissão cada dia
mais digna e incentivando estudantes de
medicina a se transformarem em futuros
especialistas na atenção à população in-
fanto-juvenil. Essa luta pela valorização
profissional, estimulada pela SBP, deve
ser meta de todos os pediatras no país.
Mas o pediatra também se fortalece
quando busca o apoio da população à
sua luta pela valorização. E acredita ser
importante transmitir aos pais em con-
sultórios, nos ambulatórios, hospitais e
à população em geral, via imprensa, as
dificuldades impostas pelas políticas de
saúde pública e suplementar que resul-
tam em prejuízo ao acesso de crianças
e adolescentes ao profissional realmente
preparado para lhes atender.
E o pediatra será ainda mais forte
quando se conscientizar da importância
de se associar e se manter associado
à SBP e filiadas, não somente para o
acesso à educação continuada e o forta-
lecimento da luta pela causa da criança
e do adolescente, mas também para for-
talecer a especialidade, quanto às suas
condições de trabalho e remuneração em
saúde pública e suplementar.
É importante que o associado, em
todas as regiões do país, movimente-se
no sentido de usufruir de tudo que lhe é
oferecido pela SBP e Filiadas, mas que
atue firmemente no convencimento aos
demais colegas, para que se associem,
para que estejamos todos realmente
juntos, “do Oiapoque ao Chuí”.
Paulo Poggiali
Presidente da Sociedade Mineira
de Pediatria (SMP) – gestão 2009/2012
Alexandre Durão
Wilson Avelar