A XVIII Jornada Alagoana de Pediatria, realizada pela Sociedade Alagoana de Pediatria (SAP) na última sexta-feira (04) e sábado (05), no Hotel Maceió Atlantic Suítes, trouxe uma palestra sobre um dos assuntos mais frequentes do dia a dia do pediatra e uma das principais queixas das mães nos consultórios: a seletividade alimentar das crianças.
E para abordar os pormenores desse tema, a jornada contou em sua programação com a palestra ‘Seletividade alimentar: como trabalhar com essa dificuldade no dia a dia do Pediatria?’, conduzida pelo pediatra geral do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Dr. Tadeu Fernandes.
O pediatra iniciou a palestra trazendo a definição de dificuldade alimentar como qualquer quadro que afeta negativamente ou impeça a alimentação e a nutrição de uma criança com a recusa de forma parcial ou integral dos pratos.
“Muitas vezes isso inicia com os pais colocando comida demais nos pratos. Temos também a neofobia alimentar quando as crianças que não querem comer nada novo, não querem comer grupos específicos de alimentos, às vezes pela cor do alimento”, afirmou.
Tadeu Fernandes também lembra que existe uma certa responsabilidade dos pediatras em casos assim a partir da introdução alimentar, que, segundo ele, não necessariamente deve ser feita aos 6 meses, de acordo com o perfil da criança. Mas, quando iniciada, ir dando de duas a 3 colheres de sopa de alimentos como papinha e ir aumentando conforme a aceitação, sempre com qualidade, quantidade e variedade e seguindo o guia prático de alimentação para crianças de 0 a 5 anos no site da SBP.
Ele ainda falou sobre a importância de se trabalhar birras e fobias das crianças. O pediatra listou a dificuldade alimentar em alguns perfis os quais o pediatra deve encaixar o paciente para dar o tratamento adequado: interpretação equivocada dos pais; ingestão seletiva; criança agitada com baixo apetite; fobia alimentar e a presença de doença orgânica, além da insatisfação e interpretação equivocada dos pais.
“A criança precisa ter o foco na comida. Não é tudo aquilo que a mãe mostra. Tem que peneirar bem, fazer uma boa anamnese, um bom exame clínico para dar um diagnóstico. Temos que usar uma grande arma que temos na pediatria. Avalie bem a curva de peso e estrutura. Não é ver somente a fotografia, mas também o filme. Analisar bem o peso pela altura, ver o ganho de peso”, ressaltou.
Outro tema apresentado pelo Dr. Tadeu Fernandes, foi o conceito de fome oculta. "A criança que come bem, tem até sobrepeso e come bem, mas tem deficiência de absorver micronutrientes, como ferro e zinco. Às vezes, também são crianças obesas com deficiência grave, que têm alterações na imunidade, no crescimento", pontuou.
O Dr. Tadeu Fernandes ainda deixou algumas dicas para os pediatras:
✓ Guarde a sigla QQV para avaliação do equilíbrio nutricional: qualidade, quantidade e variedade;
✓ Pergunte a mãe 15 alimentos que o filho comeu na última semana. Menos que 15, não é variedade;
✓ Identifique o tipo de pai para tratar a criança, seguindo alguns perfis de parentalidade alimentar como o controlador, passivo, responsivo e indulgente.
Sobre a XVIII Jornada Alagoana de Pediatria
Evento técnico-científico e destinado, exclusivamente, aos Profissionais de Saúde a XVIII Jornada Alagoana de Pediatria, foi realizada no Hotel Maceió Atlantic Suítes, nos dias 04 e 05 de novembro, trazendo especialistas de todo o Brasil para discutir, em palestras e mesas redondas, temas como: Colestase Neonatal, Doenças Raras, Triagem Neonatal, TDAH, Síndrome de Burnout, Monkeypox, Covid-19, Seletividade Alimentar, Alergias e Transporte Pediátrico. O evento foi realizado pela Sociedade Alagoana de Pediatria (SAP), com o apoio da Nestlé, Aché, EMS, Danone, Myralis e Comunique Assessoria & Marketing Saúde.
Por João Paulo Macena - Comunique Assessoria & Marketing Saúde