O segundo dia da XVIII Jornada Alagoana de Pediatria, realizada pela Sociedade Alagoana de Pediatria, no último sábado (05), no Hotel Maceió Atlantic Suítes, começou com a mesa redonda 'Alergologia e Imunologia Pediátrica', mediada pela Dra. Ana Carolina Ruela. O evento trouxe uma programação de palestras e mesas redondas com profissionais renomados discutindo temas atuais e fundamentais para os médicos pediatras, residentes e estudantes de medicina.
A primeira apresentação do sábado 'Consulta Online - como fazer?' foi feita pelo conselheiro e membro da diretoria do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (CREMAL) Dr. Irapuan Medeiros Barros Júnior, que trouxe os avanços históricos da telemedicina no mundo, tema que começou a ser normatizado na comunidade científica em outubro 1999, em Israel. No Brasil, a telemedicina começou a ser normatizada em 2002.
Segundo o médico, a resolução da telemedicina foi feita pelo CFM em 2018 (mas revogada em seguida, para discussão entre os profissionais e conselhos), trazendo diversas novidades como a adoção de um sistema para as consultas, com telediagnóstico, teletriagem, teleorientação, teleconsultoria e telecirurgia.
Segundo o médico, as discussões continuaram até o início da pandemia e em abril de 2022, quando o CFM trouxe a nova resolução, que reforçou que a telemedicina não substitui a consulta presencial, permanecendo essa como padrão ouro e assegurando a autonomia do médico se quer ou não utilizar a telemedicina e suas modalidades, de acordo, ainda, com a autorização do paciente atendendo os critérios da LGPD e uso de certificado digital.
"Não é recomendável fazer a consulta pelo celular, e-mail e WhatsApp. É importante buscar um sistema de registro eletrônico de saúde, que tenha prontuários eletrônicos e grave a consulta, com nível de garantia de segurança. Geralmente, alguns hospitais têm, mas já existem sistemas gratuitos para médicos, inclusive um site de prescrição eletrônica do CFM", pontuou.
Na sequência, o alergologista e imunologista Dr. Renato Praxedes, ministrou a palestra 'Asma - mudanças no manejo ambulatorial', destacando a Asma alérgica e não alérgica e o diagnóstico da asma na pediatria e infecções virais de vias aéreas superiores, além da evolução no tratamento medicamentoso da doença e dispositivos inalatórios. Ele também apresentou formas de tratamento de acordo com a faixa etária da criança.
“A asma é a principal doença crônica da faixa etária pediátrica. É uma das principais doenças que levam os pais a irem no pronto atendimento para querer um cuidado, uma melhora clínica do filho ou da filha e esses conteúdos abordados irão poder ajudar os colegas profissionais e aos futuros médicos de Alagoas dado o grande público de estudantes e residentes na jornada que poderão nortear o tratamento desses pacientes”, destacou.
Em seguida, a alergista e imunologista, Dra. Lívia Costa de Albuquerque Machado, ministrou a palestra 'alergia alimentar - novas ferramentas diagnósticas', trazendo informações sobre os pilares do diagnóstico da doença, uso dos biomarcadores e aplicação da medicina de precisão.
O primeiro momento foi encerrado pelo coral do Tribunal de Justiça de Alagoas, com duas canções: ‘Amor de Índio’, de Beto Guedes e ‘Tocando em Frente’, de Almir Sater.
Mesa 'Cirurgia Pediátrica, Anestesiologia e Emergência Pediátrica'
Na manhã, a programação da jornada teve continuidade com a mesa redonda 'Cirurgia Pediátrica, Anestesiologia e Emergência Pediátrica', mediada pela Dra. Auxiliadora Costa. A mesa teve início com a apresentação 'Urgências Cirúrgicas - diagnósticos e conduta inicial', com a cirurgiã pediátrica, Dra. Larissa Feitosa Calviello. Ela apresentou temas como Estenose Hipertrófica do Piloro, Hérnia Inguinal Encarcerada, Divertículo de Meckel, Intussuscepção, Apendicite Aguda, Torção de Testículo e seus diagnósticos, exames e tratamentos, reforçando que os pediatras devem utilizar exames como a tomografia com bastante cautela.
“É preciso tomar cuidado com o uso da tomografia durante o diagnóstico de algumas dessas doenças, lembrando que algumas dessas crianças irão viver por mais 70 ou 80 anos. A irradiação sendo cumulativa, pode desenvolver problemas como câncer e infertilidade. É preciso fazer o uso racional desse exame”, frisou.
Depois, o público acompanhou a palestra 'Sedação e Analgesia - como usar no pronto atendimento', pela médica anestesista Ana Clara Monteiro Laranjeira. Realidade e Barreiras como a falta de profissionais, espaço físico e fármacos.
"Muita gente espera não fazer isso (sedação e analgesia) no pronto atendimento, mas é preciso estar pronto. Se a sedação não for feita de forma apropriada, poderemos ter um paciente traumatizado e que irá sofrer em outros procedimentos no futuro. Se não temos a quantidade de anestesistas nesses prontos atendimentos, o Pediatra tem que estar preparado para isso e fazer a Sedação da melhor forma possível, ressalta.
Ela ainda abordou algumas dicas para os novos pediatras como buscar garantir a segurança e bem-estar do paciente, minimizar o desconforto e a dor, controlando a ansiedade do paciente e garantindo a recuperação adequada dele.
A mesa foi encerrada pelo intensivista pediátrico Dr. João Lourival, com a palestra ‘Transporte Pediátrico x Regulação – cuidados para realizá-lo de modo seguro’, falando sobre a responsabilidade de avaliar a situação do paciente antes do transporte, bem como sobre o histórico do transporte seguro no mundo e no estado que é pioneiro do Brasil.
“Alagoas foi pioneira para fazer transporte de recém-nascido no SAMU. Hoje, o Brasil quase todo tem esse serviço por conta do que foi feito aqui. Esse é um privilégio para o paciente ser transportado por alguém que entende bem do que está fazendo”, pontuou.
Por João Paulo Macena - Comunique Assessoria & Marketing Saúde