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18 Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 pouco mais prevalente entre crianças com atopia (2% a 7%) 47 . Em uma avaliação que incluiu 100 pacientes (14 a 67 anos) com urticaria crônica, 43 referiam piora relacionada com o uso de aditivos. Ao serem avalia- dos por teste de provocação oral unicego com 11 co- rantes e aditivos alimentares, os autores detectaram apenas 2 pacientes com reação adversa a aditivos alimentares, reiterando a raridade do evento 46 . Reações a aditivos podem ser consideradas em pacientes com história de sintomas a múltiplos e alimentos mal referidos, ou quando o mesmo ali- mento provocar reações quando ingerido na forma industrializada, e não na forma “caseira”. Pacientes com manifestações idiopáticas de alergia também merecem investigação quanto aos aditivos, mas ou- tros diagnósticos relacionados à anafilaxia idiopática também devem ser considerados, com destaque à mastocitose. Existem alguns relatos de reações anafiláticas relacionadas a aditivos como os sulfitos, eritritol (adoçante fermentativo presente em cervejas, vinhos, soja, queijos e cogumelo), anato (coloração amarelada em derivados lácteos, pipoca, cereais e sorvete), açafrão e colorau, ou carmim (corante vermelho) 47,48 . De maneira geral há baixa correlação entre urti- cária e angioedema e hipersensibilidade a aditivos como glutamato monossódico, nitratos, benzoatos, parabenzoicos, sulfitos, butil-hidroxi-anisol (BHA), butil-hidroxi-tolueno (BHT) e tartrazina. Esta última, talvez o aditivo mais conhecido, já esteve asso- ciada a episódios agudos de asma em indivíduos sensíveis ao ácido acetil-salicílico. Este conceito foi abandonado devido à completa falta de evidências de que a tartrazina faria reação cruzada com drogas inibidoras da ciclo-oxigenase 47 . A única maneira de se fazer o diagnóstico da reação aos aditivos é por intermédio do teste de provocação oral. À exceção do vermelho carmim, um corante de origem proteica, não existem métodos laboratoriais, in vivo ou in vitro , que possam servir como parâmetro. Fatores de risco Pesquisas reconheceram que apenas a exposi- ção aos alérgenos não determina o aumento global na incidência da doença e, assim, a identificação de possíveis fatores de risco pode ajudar a elaborar recomendações preventivas para indivíduos con- siderados de baixo, médio e alto risco para alergia alimentar e outras atopias. Uma série de fatores de risco têm sido associados à alergia alimentar, tais como ser lactente do sexo masculino, etnia asiática e africana, comorbidades alérgicas (dermatite atópi- ca), desmame precoce, insuficiência de vitamina D, redução do consumo dietético de ácidos graxos poli- insaturados do tipo ômega 3, redução de consumo de antioxidantes, uso de antiácidos que dificulta a digestão dos alérgenos, obesidade como doença inflamatória, época e via de exposição aos potenciais alérgenos alimentares e outros fatores relacionados à Hipótese da higiene 49,50 . A predisposição genética, associada a fatores de risco ambientais, culturais e comportamentais, for- mam a base para o desencadeamento das alergias alimentares em termos de frequência, gravidade e expressão clínica 51 . Apesar de vários fatores de risco para alergia alimentar terem sido identificados, ainda não está claro quais destes fatores são importantes para a elevação da prevalência de alergia alimentar, seja nas formas IgE mediadas como nas não IgE mediadas 52 . Os fatores de risco, quando estão presentes no início da vida, inclusive na gravidez, são de funda- mental importância. O ideal seria a avaliação da predisposição genética, antes ou pelo menos ao nas- cimento, e a partir da identificação dos vários fatores de risco efetuar a aplicação imediata de métodos preventivos 52 . Os fatores de risco já identificados, que podem agir na gestante (pré-sensibilizantes) ou atuar diretamente na criança e no adulto, serão detalhados a seguir. Herança genética Estima-se que os fatores genéticos exerçam papel fundamental na expressão da doença alérgica, es- pecialmente nas formas mediadas pela IgE. Embora não haja, no momento, testes genéticos diagnósticos disponíveis para identificar indivíduos com risco de alergia alimentar, a história familiar de atopia ainda é o melhor indicativo de risco para o seu aparecimento. Em estudo com lactentes comprovadamente diag- nosticados com alergia alimentar, o risco de alergia alimentar foi aumentado para 40% se um membro da família nuclear apresentasse qualquer doença alérgica, e em 80% quando isto aconteceu em dois familiares próximos 52,53 . Assim, a expressão da heran- ça genética é mais intensa quando há antecedentes bilateralmente (pai e mãe), determinando sintomas mais precoces e frequentes. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 1 – Solé D et al.

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