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20 Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 monstrou redução na incidência cumulativa de alergia às proteínas do leite de vaca até os 18 meses, e de dermatite atópica até os três anos de idade 43 . Uso de fórmulas lácteas Receber fórmulas de leite de vaca, ainda no ber- çário, pode ser indutor de disbiose intestinal, e fator de risco importante de alergia alimentar. Da mesma forma, em crianças de alto risco, vários estudos ava- liaram o uso de fórmulas de soja ou hidrolisados pro- teicos na redução do risco de alergia às proteínas do leite de vaca. A soja não determinou redução do risco e não é apropriada para utilização em lactentes meno- res de 6 meses. O emprego de fórmulas hidrolisadas a crianças sem a possibilidade de aleitamento natural e com alto risco de alergia alimentar, com o intuito de reduzir a incidência de alergia às proteínas do leite de vaca e de outras doenças alérgicas acompanhou-se de resultados contraditórios 65‑67 . Há algumas evidências que sugerem que fórmulas de soro do leite de vaca parcialmente hidrolisadas e fórmulas de caseína extensamente hidrolisadas podem diminuir o risco de desenvolver eczema para lactentes com alto risco de doença alérgica 60 . A evi- dência de um efeito preventivo de fórmulas hidrolisa- das sobre rinite alérgica, alergia alimentar e asma é inconsistente e insuficiente 68 . Introdução precoce de alimentos sólidos A introdução precoce de leite de vaca, ovo, amen- doim, castanhas, peixe e frutos do mar poderia ser fator de risco e induzir o desenvolvimento de alergia alimentar. Contudo, na atualidade a noção é oposta, de que a exclusão por tempo prolongado de alimen- tos com potencial alergênico pode ser fator de risco porque a indução da tolerância oral poderia ser alcan- çada por outras rotas de exposição, particularmente através da pele, em especial quando inflamada em pacientes com dermatite atópica. A maior diversidade de alimentos na infância pode ter efeito protetor sobre a sensibilização alimentar, bem como prevenir a aler- gia alimentar clínica, mais tarde na infância 54,69-71 . É importante ressaltar que há falta de evidências de benefícios para introduzir alimentos precoce- mente, visando a prevenção de alergia alimentar 64 . Os estudos disponíveis enfocam a prevenção nas formas de alergia mediadas por IgE, portanto, não se conhece o efeito dessa introdução nas formas não-IgE mediadas 39 . Recomenda-se então manter a norma da OMS, em função dos inúmeros benefícios para a saúde materna e infantil (em curto e longo prazo): “aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e complementado (alimentação complementar saudável, balanceada e equilibrada) até dois anos ou mais”. Há ainda, como demonstrado pelo EAT Study , preocupações a respeito do aumento do risco de FPIES com a introdução precoce de alimentos alergênicos (antes dos três meses) 72 . A Tabela 5 reúne os principais estudos que ava- liaram a introdução precoce de alimentos sobre a evolução da alergia alimentar. Disbiose intestinal Logo após o nascimento, inicia-se a colonização do recém-nascido. Alguns fatores que interferem nesse processo são: parto cesariano, uso materno de antibiótico, condições excessivas de higiene e o uso de fórmula complementar oferecida à criança que pode resultar em disbiose. O leite materno é rico em oligossacarídeos, responsáveis pelo efeito bifidogêni- co, o que faz com que lactentes em aleitamento ma- terno tenham aumento de bifidobactérias em seu trato gastrintestinal. Já as crianças que recebem fórmulas infantis ou leite de vaca integral desenvolvem uma mi- crobiota intestinal com predomínio de enterobactérias e bacteroides, tornando o sistema imunológico mais vulnerável à quebra de tolerância. Algumas pesquisas sugerem que a alimentação precoce com probióticos poderia reduzir o desenvolvimento de doenças alér- gicas, particularmente dermatite atópica, mas outros estudos discordam sobre o papel dos probióticos na infância precoce sobre o desenvolvimento de alergia alimentar ou outras doenças alérgicas 82,83 . Revisão sistemática avaliou a influência da expo- sição microbiana sobre o aparecimento de alergia alimentar, incluindo nascimento por parto cesariano, presença de irmãos, atendimento em creches e trata- mento com probióticos, e não documentou evidências de qualquer efeito protetor 84 . Várias organizações internacionais de especialistas não recomendam o uso de probióticos e prebióticos para a prevenção primária de doenças alérgicas. Metanálise recente en- volvendo o documento da World Allergy Organization (WAO) reconhece que as recomendações de ambos, prebióticos e probióticos, é condicional e baseada em recomendações de baixa qualidade de evidência 85 . Insuficiência de vitamina D A insuficiência de vitamina D (abaixo de 15 ng/mL) foi associada a risco aumentado para a sensibilização Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 1 – Solé D et al.

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