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Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 49 alimentar) evidenciou sangue oculto positivo em 46,8% dos lactentes alimentados com leite de vaca integral, o que mostra alta possibilidade de resultados falso‑positivos 16 . A dosagem de alfa-1-antitripsina fecal muito em- pregada no passado, tem valor apenas nas alergias gastrintestinais associadas à síndrome de enteropatia perdedora de proteínas. Sua utilização isolada não tem valor definido, tanto para diagnosticar como para descartar alergia alimentar em pacientes com manifestações inespecíficas. A calprotectina fecal é uma proteína ligadora de zinco produzida principalmente por neutrófilos, mo- nócitos e macrófagos 3 . Tem ação imunomodulatória, antimicrobiana e antiproliferativa. Nos processos inflamatórios do intestino observa-se aumento da quantidade de calprotectina nas fezes. Na alergia alimentar, observa-se redução nos valores médios de calprotectina após o início da dieta de exclusão 69‑71 . No entanto, não há definição dos pontos de corte relacionados com o teste de provocação oral. Endoscopia digestiva alta e colonoscopia com biópsias Tanto a endoscopia alta como a colonoscopia atualmente podem ser indicadas para o diagnóstico diferencial de alergia alimentar em alguns pacientes, mas vale ressaltar que estes exames apenas devem ser indicados por gastroenterologistas, pois são exa- mes invasivos. Na ausência de resposta à dieta de exclusão em um paciente sintomático, com o intuito de excluir outra doença, pode ser necessária a en- doscopia. O paciente que faz exclusão das proteínas alergênicas e que não responde ou não melhora, deve ser encaminhada a um gastroenterologista, pela suspeita de que possa haver alguma outra doença e fazer procedimentos endoscópicos 33,58 . Estes proce- dimentos, no entanto, só devem ser solicitados pelo gastroenterologista e executados por profissionais com experiência em realizá-los em crianças e adoles- centes. Na suspeita de doença celíaca, de doenças eosinofílicas, de doença inflamatória intestinal ou de outras doenças de absorção, a endoscopia e a colonoscopia estão indicadas e cada caso será ava- liado quanto ao número e locais de biópsias a serem obtidas 33,34 . Pacientes com esofagite eosinofílica são os candidatos potenciais a endoscopia, seguida por biópsias de mucosa esofágica. No controle habitual das alergias alimentares, a endoscopia e a colonos- copia não estão indicadas 33,69 . Investigação de refluxo gastroesofageano secundário à alergia alimentar Em relação ao diagnóstico de DRGE ou refluxo secundário à alergia alimentar, a pHmetria esofágica de 24 horas não permite diferenciar claramente as duas situações. Estudos mais recentes utilizando a impedâncio-pHmetria esofágica mais prolongada de 48 horas observaram que a exposição à proteína ofensiva, após período prévio de oferta de fórmula à base de aminoácido, demonstra aumento do nú- mero e duração dos refluxos, porém em especial os denominados fracamente ácidos. O método de investigação, entretanto, carece de praticidade para utilização cotidiana 72,73 . Casos individualizados po- derão requerer tal investigação. Nos casos de esofagite determinada por doença do RGE ou decorrente da alergia alimentar, ambas po- dem exibir hiperplasia da camada basal, alongamento das papilas e exocitose de linfócitos. A presença de infiltrado eosinofílico moderado pode estar presente em ambas as situações, sendo o diagnóstico final mais útil no sentido de detectar possível esofagite eosinofílica (acima de 15 eos/CGA) 73 . Resposta ao teste terapêutico seguida por teste de provocação oral Em pacientes com alergia alimentar não-IgE mediada tem sido recomendada a dieta de exclusão, seguida por teste de provocação oral, para confirma- ção do diagnóstico 3,16 . No caso de APLV, a dieta de exclusão diagnóstica é recomendada ser feita com fórmulas com proteínas extensamente hidrolisadas à base da proteína do leite de vaca, sem especificação se de caseína ou de proteína do soro. Caso não haja melhora clínica, após duas semanas, recomenda-se a substituição por fórmula de aminoácidos 16,33 . Se houver melhora, deve ser realizado o teste de pro- vocação oral. Se o resultado for positivo, a dieta de exclusão terapêutica com a mesma fórmula deve ser mantida pelo período de 6 a 12 meses. Nas crianças pequenas amamentadas, a mãe deve retirar da sua dieta os produtos à base de leite de vaca, e os sinto- mas do lactente devem ser monitorados. Tratamento da alergia alimentar Na urgência A história de ingestão de alimento suspeito, em paciente com antecedentes de reações clínicas an- Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 – Solé D et al.
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