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Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 53 11.De acordo com a evolução, deve-se conside- rar a transferência do paciente para unidade de tratamento intensivo até a sua completa estabilização. Na alta, deve-se fornecer um plano de ação por escrito de maneira clara e simples para os pacien- tes e seus familiares. Deve ser incluído o nome do paciente, contatos de familiares e dos profissionais médicos, nome do alérgeno conhecido e cofatores desencadeantes, nome de medicações a serem administradas e doses. O paciente deve sempre ser orientado para consultar especialista visando a confirmação do agente etiológico/cofatores, orien- tação dietética (alimentos substitutos, reatividade cruzada, alérgenos ocultos, etc.), educação do paciente e familiares (manifestações de anafilaxia e uso de autoplicador de adrenalina), e avaliação do prognóstico (desenvolvimento de tolerância) 82 . Ambulatorial especializado Uma vez estabelecido o diagnóstico de alergia alimentar, a única terapia comprovadamente eficaz é a exclusão dietética do alérgeno implicado nas ma- nifestações clínicas. Estudos recentes em pacientes com alergia alimentar têm sugerido a ingestão regular de alimentos processados a altas temperaturas con- tendo proteínas do leite e ovo, demostrando que em até 70% dos casos esses produtos são bem tolerados e que podem beneficiar um estado de tolerância aos mesmos, no entanto, ainda em casos especiais. A imunoterapia oral com alimentos processados a altas temperaturas e mesmo alimentos in natura deve ser restrita a casos bem selecionados, e em ambiente e com pessoal preparado para o atendimento de rea- ções sistêmicas graves 84,85 . Os pacientes, seus responsáveis ou ambos, devem ser educados e informados detalhadamente sobre como garantir de fato a exclusão do alérgeno alimentar (p. ex: leitura de rótulos), evitar situações de risco (p. ex: alimentação em aniversários, festas e buffets ), reconhecer os sintomas e instituir o tratamento precoce de possíveis reações anafiláticas 80,82,83 . Sabendo das dificuldades em se evitar alguns alimentos abundantes na culinária, como o leite e o ovo, deve-se orientar o paciente e sua família sobre as medidas que deverão ser tomadas em caso de ingestão acidental. Em especial nos casos que en- volvem reações graves (anafilaxia), o paciente deverá transportar sempre consigo a adrenalina autoinjetável, a ser utilizada imediatamente se os sintomas forem desencadeados. Tão logo isso aconteça, o paciente deverá ser levado a um serviço de emergência para monitoramento por período de 4 a 6 horas e insti- tuídas as medidas que se fizerem necessárias. As recomendações atuais sugerem que os pacientes com asma moderada ou grave e que apresentaram anafilaxia desencadeada por alimentos devem portar uma segunda dose de adrenalina autoinjetável 82 . Tratamento medicamentoso Com relação ao tratamento medicamentoso, várias drogas podem fornecer alívio para certas manifes- tações da alergia alimentar. Os anti-histamínicos, por exemplo, aliviam parcialmente os sintomas da síndrome da alergia oral e os sintomas cutâneos decorrentes de reações mediadas pela IgE, porém não são capazes de bloquear as manifestações sistêmicas mais graves 82 . Não é correto afirmar que o uso de anti-histamínicos pode prevenir o aparecimento de reações sistêmicas em pacientes sabidamente anafiláticos àquele alimento. Os quadros de alergia não mediadas por IgE não respondem a estas medicações. Os corticosteroides sistêmicos são geralmente eficazes no tratamento das doenças crônicas IgE mediadas ou mistas (p. ex. dermatite atópica e asma), ou das doenças gastrintestinais não IgE mediadas graves (p. ex. esofagite ou gastrenterite eosinofílica alérgica e enteropatia induzida pela dieta). O emprego de corticosteroide oral por curto prazo pode ser utilizado para reverter os sintomas inflamatórios graves, contudo seu uso prolongado está contraindicado, tendo em vista os importantes efeitos adversos que ocasiona 86 . O tratamento da esofagite eosinofílica (EoE) tem se baseado em inibidores de bomba de prótons (IBP), dieta de exclusão dos alimentos envolvidos (seja selecionados por exames ou empiricamente) e no uso de corticosteroides tópicos (budesonida ou fluticasona deglutida), administrada através de aerossois dosimetrados em vários grupos de pa- cientes pediátricos e adultos, mas deve-se enfatizar o aparecimento de candidíase esofagiana em cerca de 10% destes pacientes, que deve ser prontamente tratada 87,88 . As diretrizes atuais para EoE apresen- tam vários esquemas de exclusão alimentar e o uso de medicamentos, incluindo terapêutica com monoclonais 84,85 . Estudos mostram a pouca utilidade e falta de evidências para o uso de cromoglicato de sódio, dos antagonistas de receptores de leucotrienos Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 – Solé D et al.

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