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54 Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 cisteínicos e mesmo a anti-IgE no tratamento da esofagite ou gastrenterite eosinofílica 87,88 . No caso das doenças mediadas por IgE, para as manifestações clínicas que envolvam órgãos que não o trato gastrintestinal, o tratamento deve ser o mesmo empregado quando outros alérgenos que não os alimentares desencadeiam os sintomas. Assim, por exemplo, asma, urticária, dermatite atópica e rinite devem ser tratadas como de rotina. Tratamentos emergentes e imunomodulação O tratamento preconizado até o momento para as alergias alimentares é a restrição absoluta do ali- mento responsável da dieta do paciente. Muitas vezes trata-se de tarefa árdua, uma vez que os antígenos mais envolvidos estão presentes de modo constante na culinária habitual (ex. leite de vaca, ovo, trigo), sobretudo quando a criança já se encontra em idade de frequentar escola e está na fase de socialização. Devido à chance de reações graves acometer os indi- víduos mais sensibilizados, impõem-se novos planos terapêuticos para o controle das alergias alimentares. Apesar dos muitos estudos nesta área de pesquisa, nenhum tratamento definitivo foi estabelecido até o presente 89 . Prebióticos e probióticos Prebióticos e probióticos carecem de evidências como produtos para prevenção ou tratamento de aler- gia alimentar 90 . A administração de probióticos para prevenção ou tratamento de doenças alérgicas tem resultados conflitantes. Uma microbiota intestinal al- terada poderia predispor crianças à alergia alimentar por modificar a sinalização de receptores Toll-like e a integridade de células epiteliais intestinais 91 . Metanálise de estudos randômicos controlados investigando o uso de probióticos em crianças visando a prevenção primária de alergias encontrou discreta redução no risco de eczema clínico em lactentes menores de 1 ano, mas considera que as evidências são insuficientes para uma recomendação a respeito da suplementação de probióticos visando a prevenção de alergias e hipersensibilidade alimentar 92 . Outra metanálise mais recente, incluindo ensaios clínicos randômicos e controlados com o objetivo de avaliar a associação entre a suplementação com probióticos e o risco de alergias e hipersensibilidade na criança, mostrou que o efeito protetor sobre a hipersensibili- dade alimentar só foi observado quando os probió- ticos foram utilizados no pré-natal pelas gestantes, ou nos primeiros meses de vida pelo lactente (uso precoce) 93 . Com respeito ao tratamento das alergias alimenta- res, permanece não esclarecido o papel dos probióti- cos na correção das alterações da microbiota intesti- nal e sua influência na aquisição de tolerância 94 . Revisão Cochrane mostrou benefício potencial na prevenção da dermatite atópica com o uso de prebióticos, mas evidências não conclusivas na prevenção de outras doenças alérgicas, incluindo a alergia alimentar 95 . Há poucos estudos com probióticos na preven- ção de alergia alimentar documentada por testes de provocação oral. Em pacientes com APLV com- provada, o tratamento com Lactobacillus casei e Bifidobacterium lactis por 12 meses não interferiu na resolução da APLV. No entanto, o tratamento com Lactobacillus rhamnosus associado a fórmula de caseína extensamente hidrolisada aumentou a resolução de APLV comparada com grupo que recebeu fórmula hidrolisada isolada 96‑99 . Metanálise de 17 estudos randômicos e con- trolados mostrou que probióticos administrados no período pré-natal ou pós-natal poderiam prevenir alergia alimentar mediada por IgE 93 . Outras revisões sistemáticas de estudos randômicos e controlados apontam para a redução de sintomas com a suple- mentação de probióticos em pacientes com APLV, mas a ineficácia pelo contrário, também foi verificada, razão pela qual a Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (EAACI) não se definiu até o presente sobre a suplementação de probióticos em longo prazo para tratamento de alergia alimentar 100 , e mais estudos são necessários. Os benefícios dos probióticos provavelmente dependem das cepas utilizadas. Dados de disbiose da microbiota intestinal em pacientes com alergia alimentar permitirão o delineamento de estudos clínicos randômicos adequados em pacientes com alergia alimentar. Prebióticos são alimentos não digeríveis e seleti- vamente fermentados que modificam a composição e função da microbiota intestinal, conferindo benefícios para o indivíduo 101 . Não há evidências de que os prebióticos possam auxiliar no tratamento de doenças alérgicas, em particular na alergia alimentar 102 . Painel de especialistas da Organização Mundial de Alergia (WAO) realizou revisão sistemática de estudos randômicos e controlados de prebióticos na prevenção de alergia. O painel sugere a suplemen- Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 – Solé D et al.
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