AAAI_2_1_miolo_cor.indd

56 Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 Muitos pacientes podem ter aumento no limiar de indução de sintomas ou dessensibilização pela ITO. Esta pode ser mantida em alguns pacientes, mesmo quando a ingestão regular do alimento é interrompida 108,134,135 . O termo “dessensibilização” significa a capacidade de ingerir o alimento alergênico sem ter reatividade clínica, mas para isto, exigindo o consumo contínuo daquele alimento para manter o estado de não reatividade 136 . Revisões sistemáticas, estudos randômicos e não randômicos demonstraram aumento da tolerância em crianças e adultos com diferentes alergias alimen- tares. Por outro lado, um não mostrou benefício, e duas revisões sistemáticas tiveram resultados mistos, concluindo que a ITO não deveria ser empregada como tratamento rotineiro 103,137-142 . O período de duração da ITO e a manutenção do estado de tolerância/dessensibilização foram analisados em poucos estudos. A não reatividade ao alimento após sua exclusão por períodos de semanas a 6 meses varia entre 13% e 36%, demonstrada por provocações repetidas. Embora tenha havido redução da frequência de resposta positivas, a maioria dos pacientes manteve reatividade com limiares mais baixos dos observados antes do tratamento 143 . A presença de níveis mais baixos de anticorpos IgE específicos para o alimento, ao início da ITO, foi associada à persistência da hiporreatividade 106 . Tentativas de dessensibilização para alimentos empregaram ITO, ITSL e a imunoterapia por via epicutânea (EPI) 145 . ITSL e EPI são consideradas abordagens mais seguras, por suas reações serem locais na cavidade oral ou cutâneas, mas há descrição de anafilaxia em ITSL para amendoim 145-147 . Pouco se sabe sobre a duração ótima ou eficácia em longo prazo destes tratamentos imunoterápicos. Há o risco potencial de estes pacientes tratados terem reações com lapsos de breve exposição ao alimento. É provável que estes tratamentos tenham que ser mantidos indefinidamente para conservar o estado de proteção 144 . A Tabela 6 resume algumas características relacionadas à imunoterapia em pa- cientes com alergia alimentar. Revisão sistemática recente observou ser 2,7% o risco de aparecimento de EoE em pacientes sub- metidos à imunoterapia oral 148 . Imunobiológicos O omalizumabe, anticorpo monoclonal humaniza- do anti-IgE, foi explorado como tratamento adjuvante à ITO, com a vantagem de permitir, em algumas observações, dessensibilização mais rápida e mais segura para leite de vaca, amendoim ou múltiplos alimentos simultaneamente 149‑153 . O omalizumabe foi administrado 8 semanas antes e 8 semanas após esquema de indução de tolerância oral abreviado em pacientes com sensibilizações a 5 alimentos. Embora experimental, o esquema permitiu indução de tolerância oral com rapidez e segurança para até 5 alimentos. A mediana de tempo para atingir-se a dose máxima de alérgeno foi 18 semanas para o grupo omalizumabe contra as habituais 85 semanas anteriormente observadas em protocolo sem uso de omalizumabe 150 . (1) Imunoterapia oral (ITO) e a sublingual (ITSL) podem induzir dessensibilização alérgeno específica a alimentos. (2) A magnitude de resposta é maior com a ITO. (3) A indução de sintomas durante o procedimento é inevitável e frequente. (4) 10-20% dos pacientes são incapazes de tolerar a ITO pelos efeitos adversos gastrintestinais. (5) Anafilaxia pode ser inesperadamente desencadeada durante o tratamento. (6) A proteção é transitória, daí o alimento deve ser continuado para que a proteção seja mantida. (7) Não há biomarcador para prever riscos ou resposta ao tratamento. (8) Aprovação por comitê de ética e assinatura de termo de consentimento informado são essenciais. (9) Os desfechos em longo prazo destes tratamentos são desconhecidos. Tabela 6 Imunoterapia em alergia alimentar 91,144 Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 – Solé D et al.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQwMTAx