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Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 59 ou dietas hipoalergênicas, em lactentes, em situações de APLV 190 . Orientações nutricionais O objetivo global do tratamento nutricional é evitar o desencadeamento dos sintomas, a progressão da doença e a piora das manifestações alérgicas, pro- porcionar à criança crescimento e desenvolvimento adequados e prevenir distúrbios nutricionais. Os alimentos que devem ser eliminados e poste- riormente testados por meio de teste de provocação oral são os apontados pela história do paciente, no registro alimentar acoplado ou não a diário, onde a família anota manifestações associadas à inges- tão/exposição a determinado alimento e, quando necessário, testes de hipersensibilidade (puntura ou prick test , IgE sérica específica in vitro para alimentos) positivos. Quando há falha na identifica- ção dos potenciais alérgenos, dieta com restrição de mais de um alimento alergênico suspeito pode ser necessária, por um período de 2 a 4 semanas (sendo 2 a 4 semanas para pacientes com sintomas gastrintestinais como diarreia e constipação, e de 1 a 2 semanas para os demais) 33 . Os lactentes que estão em aleitamento materno devem ser assim mantidos, e a mãe deve ser subme- tida à dieta de exclusão do alérgeno envolvido, tanto para os com alergia alimentar IgE mediada, como para os com não-IgE mediada. Quando necessária a dieta materna com restrição total de leite de vaca e derivados, deve ser recomendada a suplementação de cálcio 191 e vitamina D (colecalciferol) 30 . É válido ressaltar que nos casos em que o lactente em aleita- mento natural não manifestar reações com alérgenos veiculados pelo leite materno, não há indicação de se restringir a dieta da nutriz, ainda que os sintomas possam ser observados após a ingestão do alimento diretamente pela criança. Para os lactentes que por algum motivo não es- tejam sendo amamentados, ou o leite materno seja insuficiente, as fórmulas hidrolisadas devem ser utili- zadas. Durante este período, os lactentes com APLV devem ser mantidos com fórmulas sem a proteína intacta do leite de vaca, que podem ser extensamente hidrolisadas à base da proteína do leite de vaca, dieta semielementar ou hidrolisado proteico), aminoácidos livres (dieta elementar) ou de proteína isolada de soja (somente para crianças maiores de seis meses e sem manifestação gastrintestinal). Outra possibilidade para lactentes muito jovens é a relactação, que não deve ser esquecida, sempre enfatizando a exclusão de produtos lácteos pela nutriz. Mais recentemente, em alguns países se começa a utilizar a proteína hidrolisada de arroz, que ainda carece de maiores estudos 192 . O alimento identificado como causador da alergia deve ser totalmente excluído, para posterior exposição, isolada ou em sequência (a depender se um ou mais alimentos estão envolvidos), mediante o teste de provocação oral (TPO) 193,194 . Assim, a retirada dos alimentos alergênicos da ali- mentação da criança é ainda a única forma disponível comprovadamente eficaz no tratamento da alergia alimentar 195-197 . Tal conduta deve contemplar a total exclusão do alimento reconhecido ou supostamente envolvido, inclusive os produtos dele derivados e de preparações que o contenham. É importante a identificação do alérgeno, a fim de se manter a oferta alimentar qualitativa e quantitativamente adequada, evitando, portanto, o uso de dietas desnecessárias e muito restritivas 183,198,199 . A avaliação adequada do estado nutricional com o objetivo de planejar e adequar a ingestão às necessidades nutricionais da criança de acordo com os tipos de alimentos permiti- dos é prioritária 200,201 .Todo empenho deve ser feito no intuito de realizar as substituições alimentares visando garantir a oferta nutricional adequada, alcançando-se as suas necessidades que devem atender as atuais recomendações nutricionais 202 . A Tabela 7 indica as recomendações nutricionais nas diferentes faixas etárias para alguns nutrientes. Para garantir o atendimento às recomendações é fundamental amplo trabalho de educação nutricional da família, principalmente da mãe e/ou cuidador, as- sim como a conscientização da criança, quando em idade que permita a compreensão. Esclarecimentos completos devem ser dados sobre os alimentos recomendados e substitutos, as formas de apresentação disponíveis, bem como aqueles que devem ser evitados e, dentre esses, outros que possivelmente possam envolvê-los na sua composição. Além disto, deve ser realizada orienta- ção detalhada quanto à inspeção e leitura minuciosa dos rótulos de alimentos consumidos que podem apresentar alérgenos, bem como informações sobre nomenclaturas de difícil interpretação pelas famílias como, por exemplo, soro/ whey , caseína, lactoglobuli- na, lactoferrina ou caseinatos, significando presença de leite, ou albumina, indicando presença de ovo. A leitura da rotulagem deve ser feita periodicamente antes da aquisição do produto, pois modificações na composição podem ocorrer com o passar do tempo. É importante ressaltar a grande dificuldade dos pais Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 – Solé D et al.
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