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Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 65 Nas Tabelas 10 a 20 são apresentados os prin- cipais produtos disponíveis para a alimentação de crianças com alergia alimentar, sobretudo ao leite de vaca (informações fornecidas pelos fabricantes). A Tabela 10 reúne as fórmulas infantis à base de ami- noácidos para lactentes, a Tabela 11 os alimentos à base de aminoácidos para crianças de até 10 anos, e na Tabela 12 a mistura à base de aminoácidos para o preparo de mingau a partir do 6° mês de vida. Esses dois produtos à base de aminoácidos disponíveis no mercado brasileiro (Tabelas 11 e 12), não se enquadram na categoria de fórmula infantil e, portanto, não devem ser utilizados de forma exclusiva. Estes produtos correspondem a uma mistura para o preparo de papa e mingau indicado a partir dos 6 meses de idade e um suplemento oral. O alimento à base de aminoácidos para crianças de até 10 anos (Tabela 11) pode ser útil quando há necessidade de alteração de consistência da dieta (espessada). Ambos são alternativas para pacientes com alergia alimentar múltipla, particularmente quando há difi- culdade de consumo adequado de calorias, macro e micronutrientes. Entretanto, deve-se atentar para a importância da orientação nutricional adequada, garantindo a oferta de alimentos em consistência, quantidade e variedade, com o objetivo de promover uma boa evolução nutricional. Ressalta-se, ainda, que a mistura para o preparo de mingau contém amido de arroz, o que contraindica sua utilização em pacientes com alergia a este alimento. A Tabela 13 reúne fórmulas extensamente hidro- lisadas para lactentes, e a Tabela 14 as fórmulas infantis para lactentes e fórmulas de seguimento para lactentes e/ou crianças de primeira infância à base de proteína hidrolisada de arroz. Na Tabela 15 estão as fórmulas infantis para lac- tentes e de seguimento à base de soja; na Tabela 16 os pós para preparo de bebida de soja; na Tabela 17 os iogurtes à base de soja (composição para 110 mL); na Tabela 18 as bebidas à base de soja (composição para 100 mL); na Tabela 19 os alimentos à base de so- ja enriquecidos com cálcio (composição para 100 mL). Deve-se ressaltar que os produtos das Tabelas 16 a 19 não são nutricionalmente completos, deve-se estar atento ao excesso de proteína e carboidratos para orientação nutricional adequada para a idade. Na Tabela 20 são apresentados os alimentos para situações metabólicas especiais para nutrição enteral/ oral para crianças de 3 a 10 anos. O fluxograma representado na Figura 2 resume a orientação proposta pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia para crianças menores de dois anos, com suspeita de alergia a proteína do leite de vaca nas formas IgE e não IgE mediadas. Duração da dieta e reintrodução alimentar O tempo de duração da dieta de exclusão tem co- mo variáveis a idade do paciente ao iniciar o tratamen- to e sua adesão a esse, os mecanismos envolvidos, as manifestações apresentadas e o histórico familiar para alergia. Admite-se que a maioria das crianças desenvolverá tolerância clínica nos primeiros três anos, embora este percentual possa ser variável 224 . Para a alergia ao leite de vaca, preconiza-se que a dieta de exclusão seja, no mínimo, de seis a doze meses. Crianças com colite alérgica, diagnosticada antes dos seis meses de idade, podem vir a tolerar a reintrodução do alimento seis a oito meses após a dieta de exclusão. Entretanto, esse prazo pode ser ampliado, pois cada paciente deve ser avaliado periodicamente de forma individualizada. Recomenda-se postergar a exposição ao alimento, quando as reações envolvidas são mediadas por IgE. A tolerância clínica ocorre para a maioria dos alimentos, exceto para o amendoim, nozes e frutos do mar, que geralmente persistem durante toda a vida do indivíduo 220,225 . As maiores dificuldades na execução da dieta são a exclusão completa do(s) antígeno(s), já co- mentadas no início deste tópico, além de prover uma dieta adequada que permita o crescimento e o desenvolvimento satisfatórios 222 . Alguns estudos demonstram o risco de se ofertar uma dieta que pode comprometer o estado nutricional e causar carências nutricionais específicas, tais como menor ingestão de calorias, proteínas, lipídios, cálcio, fósforo, vitamina D e outros micronutrientes, assim como seu impacto sobre a neofobia alimentar 223-226 . Tais distúrbios nutricionais refletem um manejo nutricional inadequado, por vezes pela falta de equipe multi- profissional envolvida no atendimento, dificuldades relacionadas à dinâmica familiar, falta de acesso às fórmulas, ou pelo contexto social 122,209,227 . É importante para os pacientes e familiares en- contrarem um equilíbrio entre a vigilância adequada e a sobrecarga sobre a rotina diária pelos cuidados com a dieta de exclusão. Embora estratégias para minimizar a probabilidade de ingestão acidental de alérgenos devam ser realizadas, cuidados excessi- vamente cautelosos podem criar um fardo desne- Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 – Solé D et al.

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