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Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 43 Outros Não há qualquer evidência científica que respal- de a utilização de exames laboratoriais com base na mensuração de IgG para alimentos para fins de diagnóstico 22,23 . A identificação dos diferentes fenótipos e endó- tipos é foco atual para o desenvolvimento de uma “Medicina de Precisão” na alergia alimentar. Algumas mutações e variações genéticas, associação de genes e fatores epigenéticos em diversos genes ou gene loci como SPINK5, FOXP3, HLA-DR, ou HLA-DQ estão associados ao início precoce dos sintomas 19,24 . Outros biomarcadores, como células T regulatórias e atividade Th1, podem predizer a resolução da doença. O teste de ativação de basófilos permite a deter- minação da expressão de CD63, preditor de presença e gravidade das reações; a presença de IgG e IgG4 específicos conferem maior probabilidade de tole- rância oral 2,25 . Informações genéticas e possíveis riscos ambien- tais para o desenvolvimento da AA estão sendo iden- tificados como biomarcadores que podem determinar o prognóstico e eficácia para refinamento das opções de tratamento. Teste de provocação oral O teste de provocação oral (TPO), procedimento introduzido na prática clínica em meados dos anos 1970, a despeito de todo avanço científico, continua sendo ainda o método mais confiável no diagnóstico da alergia alimentar 26 . Consiste na oferta progressiva do alimento suspeito e/ou placebo, em intervalos re- gulares, sob supervisão médica para monitoramento de possíveis reações clínicas, após um período de exclusão dietética necessário para resolução dos sintomas clínicos 2,27 . Pode ser indicado em qualquer idade, para 26,27 : – confirmar ou excluir uma alergia alimentar; – avaliar a aquisição de tolerância em alergias ali- mentares potencialmente transitórias, como a do leite de vaca, do ovo, do trigo ou da soja; – avaliar reatividade clínica em pacientes sensi- bilizados e nos com dieta restritiva a múltiplos alimentos; – determinar se alérgenos alimentares associa- dos a doenças crônicas podem causar reações imediatas; – avaliar a tolerância a alimentos envolvidos em possíveis reações cruzadas; e – avaliar o efeito do processamento do alimento em sua tolerabilidade. De acordo com o conhecimento do paciente (ou de sua família) e do médico quanto à natureza da substância ingerida (alimento ou placebo), os testes de provocação oral são classificados como aberto (paciente e médico cientes), simples cego (apenas o médico sabe) ou duplo cego e controlado por placebo (TPODCPC), quando nenhuma das partes sabe o que está sendo ofertado 27 . O TPODCPC é considerado padrão ouro no diagnóstico da alergia alimentar 26,28-31 . No entanto, tem desvantagens rela- cionadas ao tempo necessário para sua execução, custos envolvidos, e necessidade de estrutura física e de equipe médica treinada para atendimento de possíveis reações graves, o que limita sua utilização na prática clínica, sendo geralmente utilizados para fins de pesquisa 29 . A decisão da escolha do TPO e do momento de sua execução podem ser influenciadas pela história clínica, idade, tipo de sintoma, tempo da última rea- ção, resultados dos testes cutâneos e/ou dos níveis séricos de IgE específicas, bem como pelo valor nutricional do alimento e pela decisão conjunta com pacientes maiores e seus familiares 27 . Os TPO abertos podem ser utilizados para con- firmar reações IgE e não IgE mediadas e são, em geral, adequados para fins clínicos 32 . É a primeira opção quando resultado negativo e sintomas obje- tivos são esperados 33 . Em menores de 3 anos com sintomas objetivos, quando supervisionado por mé- dico, é considerado suficiente para o diagnóstico 28 , dispensando o TPODCPC 29 . Sintomas subjetivos (coceira na garganta, recusa alimentar, náuseas, dores de cabeça, etc.) e também os de início tardio, como são mais difíceis de serem interpretados, exi- gem a realização do TPODCPC para esclarecimento diagnóstico 30 , visto que, mesmo em crianças, até metade dos TPO abertos, considerados positivos, não são reproduzidos no TPODCPC 34 . O TPO simples cego é uma possibilidade, porém como possui as mesmas dificuldades técnicas do TPODCPC, acaba não sendo utilizado pelo fato do duplo cego afastar a influência por parte do observador 28 . Os TPODCPC são principalmente indicados para confirmação diagnóstica, se resultados positivos são esperados 28 . No entanto, quando negativos, a Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 – Solé D et al.

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