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46 Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 2. N° 1, 2018 sos, antes mesmo do início do procedimento, como recomendado para pacientes com risco de ter reação anafilática 20 . A sua execução em consultório pode ser considerada em pacientes sem histórico de reação grave de FPIES, embora cautela seja necessária pelo fato de não existirem dados que possam prever a gravidade futura das reações, e pelo fato de em até 50% dos resultados positivos, o tratamento com fluídos intravenosos seja necessário 47 . Nesses casos, o TPO no domicílio não é recomendado, dado o po- tencial de reações graves 47 . Embora estudo recente tenha relatado condução bem-sucedida das reações com reidratação oral 48 , é aconselhável ter hidratação intravenosa prontamente disponível 48,49 . Antes da realização do TPO, parâmetros relacio- nados ao paciente, ao ambiente e ao alimento devem ser adotados e checados para garantir a qualidade do teste 29 . Parâmetros relacionados ao paciente É essencial que o paciente esteja em boas condi- ções de saúde antes de ser submetido aoTPO. Alguns fatores podem comprometer a interpretação do exame e devem ser averiguados inicialmente, como quadros infecciosos e uso de drogas. Se necessário, o TPO poderá ser cancelado e reagendado. Orientações sobre a importância da isenção do alérgeno, por período mínimo de duas semanas, e sobre o tempo de jejum necessário para realização do exame antes do TPO devem ser previamente forneci- das e checadas no dia do exame. Mães de lactentes em aleitamento materno também devem ser incluídas na dieta de restrição 28,50 . O jejum deve ser de no mínimo duas a quatro horas 36 . Crianças de baixa idade que não consigam fazer jejum prolongado podem consumir metade da porção usual de uma refeição leve, de acordo com a idade, duas horas antes do teste 27 . A principal finalidade do jejum é facilitar a absorção do alimento testado, evitar que a ingestão prévia de alimentos interfira na interpretação dos resultados e reduzir o risco ao paciente, caso sejam necessárias manobras de ressuscitação 27 . O paciente deve descontinuar medicamentos que possam interferir com o resultado do teste. Como re- gra geral, os anti-histamínicos devem ser suspensos, mas não há consenso sobre por quanto tempo antes do TPO o paciente deve evitá-los 27 . Corticosteroides inalatórios podem ser mantidos em doses mínimas o suficiente para controlar a asma, e os tópicos podem ser aplicados em pequenas áreas da pele 51 , mas os corticosteroides sistêmicos devem ser suspensos co- mo orientado alguns dias antes do teste (Tabela 3). Parâmetros relacionados ao ambiente Quanto ao ambiente, condições locais de higiene, luminosidade e ventilação devem ser checadas, assim como os equipamentos, materiais e medicações ne- cessários para prestar assistência em reações graves. As medicações e respectivas dosagens, assim como o fluxograma de atendimento, devem ser afixados no leito do paciente, a fim de garantir a sistematização do atendimento multidisciplinar 29 . A presença de nutricionista, responsável pelo preparo das diluições e das porções administradas durante o TPO, principalmente nos TPODCPC, é recomendável. O médico deve permanecer ao lado do paciente durante a realização dos TPOs. Na presença de reações clínicas, com o auxílio da equipe de enfer- magem, devem administrar medicações e monitorizar periodicamente os sinais vitais, até controle das ma- nifestações clínicas 28 . Parâmetros relacionados ao alimento Os alimentos podem ser trazidos de casa pelo paciente e/ou pais para execução do TPO aberto 27 . No TPODCPC a oferta do alimento deve ser realizada em duas fases: alimento a ser investigado e na outra, o placebo, ambos oferecidos em doses crescentes em intervalos regulares e adicionados a veículos.Veículo é o material que acomoda o alimento a ser testado e tem a função de mascarar o odor, sabor, textura e cor, não permitindo que existam diferenças quando comparado ao placebo 52 . O alimento deve ser preparado sem contamina- ção cruzada ou contato com outros alimentos, aos quais o paciente possa reagir. De preferência, como ingrediente único 27 . Caso haja dificuldade de aceita- ção, principalmente pelas crianças, recomenda-se misturar o alimento em avaliação a outros alimentos consumidos habitualmente, como: sucos e papas de frutas, fórmulas hipoalergênicas previamente ingeri- das e fórmulas de aminoácidos, eventualmente com adição de modificadores de sabor 27,52 . O processamento térmico, aquecimento e cozi- mento podem alterar a conformação da proteína e resultar em alteração de sua alergenicidade 53 . Leite de vaca, ovo, carne, peixe, marisco, frutas e vegetais Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 – Solé D et al.
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