“Não tem plano B”. Este foi o alerta de Carlos Augusto Mello da Silva, presidente do Departamento Científico de Toxicologia e Saúde Ambiental da SBP, durante o 2º Simpósio Brasileiro de Saúde Ambiental em Pediatria. O evento reforçou a interseção entre a saúde pediátrica e os desafios ambientais, instigando os pediatras presentes a serem agentes de mudança na busca por soluções práticas e sustentáveis.
Na abertura, o presidente Clóvis Constantino destacou a necessidade urgente de maior conscientização sobre a preservação ambiental e o papel fundamental dos pediatras nesse processo. "A humanidade se descuidou em relação à preservação do meio ambiente. É necessário que nós, pediatras, sejamos o impulso para que outros colegas e a sociedade civil se engajem no debate e busquem soluções práticas. Somos líderes e precisamos fazer nossa parte", afirmou Constantino, ao lado da presidente do 41º CBP e da Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP), Nilza Perin.
A partir do tema "Mudanças climáticas e poluição ambiental: impacto sobre a saúde humana", Augusto Mello liderou debates que se estenderam ao longo do dia. Durante sua apresentação, abordou os efeitos nocivos das mudanças climáticas e da poluição sobre a saúde humana, com foco nas vulnerabilidades das crianças e adolescentes. O especialista destacou a urgência de intervenções preventivas e políticas públicas que protejam essa população diante do cenário de degradação ambiental.
Por sua vez, Lígia Veras, especialista em toxicologia médica, abordou as vulnerabilidades às quais crianças e adolescentes estão expostas em decorrência das mudanças climáticas, mencionando os recentes incêndios registrados no país e desastres ambientais como o da barragem de Mariana e de Brumadinho (MG), além das enchentes no Rio Grande do Sul. Estimativas apontam que as crianças representam de 40 a 50% das populações afetadas pelos desastres ambientais.
Ela destacou que o impacto sobre o desenvolvimento infantil é significativo e inclui desde complicações durante a gestação até consequências de longo prazo na saúde física e mental, como prematuridade e baixo peso ao nascer, malformações congênitas, asma desencadeada ou agravada, insegurança alimentar, insuficiência de água potável, estresse pós-traumático após grandes desastres e atraso no desenvolvimento motor e escolar. Lígia Veras frisou que, no Brasil, se percebe uma deficiência na preocupação e no acompanhamento das exposições crônicas às quais crianças e adolescentes estão submetidos. “O que será dessas pessoas que enfrentam a exposição a esses eventos traumáticos?”, questionou.
O que pode ser feito para mitigar os efeitos da crise climática?
Plano individual: • Manter imunizações em dia • Realizar revisões de saúde periódicas • Em caso de inundações, evitar contato com água poluída • Ficar atento aos alertas meteorológicos • Usar Equipamentos de Proteção Individual (EPI) na remoção de escombros • Seguir orientações da Defesa Civil • Reduzir o uso de combustíveis fósseis • Reciclar materiais como plásticos e equipamentos eletrônicos • Apoiar iniciativas de proteção e preservação ambiental, além de conservação da fauna e flora.
Plano governamental: • Reforçar e qualificar a vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis • Manter planos de contingência para remoção e abrigo em caso de catástrofes • Investir em sistemas de contenção de cheias, drenagem e dragagem do leito de rios e lagos • Promover o replantio e a recuperação das matas ciliares • Incentivar a produção e o consumo sustentáveis • Investir em tecnologias verdes • Participar de acordos internacionais para a redução da emissão de gases de efeito estufa • Implementar legislações para a redução de emissões a nível nacional.
PED CAST SBP | "Neuroblastoma"
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