Anamnese ambiental surge como ferramenta para proteção pediátrica, avalia presidente da SBP

O planeta está aquecendo e a crise climática, ocasionada pela destruição do meio ambiente, veio para ficar. Essa foi a mensagem do presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Clóvis Francisco Constantino, na quarta-feira (23), em aula magna proferida aos participantes do 41º CBP.

“Já há um consenso científico internacional: o calor extremo observado no Hemisfério Norte, no último verão, com incêndios florestais passando pelos Estados Unidos, Canadá e Europa; e ainda as fortes chuvas e inundações, vistas no Sul do Brasil, serão fenômenos recorrentes. Uma nova realidade que se apresenta, em função do descaso humano diante da natureza”, ponderou.

Segundo o presidente da SBP, os vários eventos realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), as COPs (Conferências da ONU sobre as mudanças climáticas) e o Acordo de Paris para redução da emissão de gases do efeito estufa, como o CO2 e o metano, têm produzido poucos resultados significativos.

Diante desse cenário, ressalta Constantino, cabe aos pediatras agirem para minimizar os efeitos na saúde das crianças e adolescentes, população extremamente vulnerável a mudanças ambientais e eventos catastróficos.

“O pediatra, em cada comunidade, tem o dever ético e humano de dedicar uma parte do seu tempo a, junto com outros cidadãos e entidades, lutar por melhorias voltadas à preservação da natureza. No âmbito profissional, uma ferramenta importante, que deve ser aplicada é a anamnese ambiental. Esse procedimento sofisticado da medicina é uma técnica de investigação para discernir os riscos ambientais aos quais o paciente está submetido, bem como as consequências para a sua saúde”, explicou.

De acordo com Clóvis Francisco Constantino, as perguntas a respeito do meio ambiente devem ser um componente de rotina da clínica pediátrica, inclusive na primeira consulta da criança.

“A anamnese ambiental concentra-se em compreender a qualidade e a extensão dos perigos dos ambientes onde uma criança passa o tempo - sua casa, escola, vizinhança, entre outros - e identificar padrões ou aspectos suspeitos que exigem avaliações adicionais. Obter esse histórico auxilia na orientação preventiva, focada na redução de exposições. É um esforço antecipatório, visto que as mudanças do clima já se apresentam como um dos principais fatores para o adoecimento de crianças, adolescentes e adultos, em todo o mundo”, finalizou.