Em Florianópolis, pediatras promoverão ações voltadas ao meio ambiente e a saúde das crianças e adolescentes

As mudanças climáticas recentes, incluindo enchentes e queimadas, têm impactado significativamente a saúde das famílias brasileiras, especialmente as crianças, grupo mais vulnerável às variações ambientais. Essa situação tem acentuado o número de casos respiratórios graves entre outros problemas de saúde, reforçando a importância de interações saudáveis com a natureza.

Atenta a esse cenário, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – por meio do Departamento Científico (DC) de Toxicologia e Saúde Ambiental e do Grupo de Trabalho Criança, Adolescente e Natureza – promoverá ações voltadas ao meio ambiente e a relação com a saúde das crianças e adolescentes durante o 41º Congresso Brasileiro de Pediatria (41º CBP), que ocorre entre os dias 22 e 26 de outubro, em Florianópolis (SC). As atividades buscam abordar de forma ampla como a sociedade civil e os próprios pediatras podem falar sobre a temática e promover um futuro mais consciente.

No dia 22, acontecerá o 2º Simpósio de Saúde Ambiental, com uma programação científica abrangente. Durante todo o dia, palestras e conferências abordarão temas como “Mudanças climáticas e catástrofes ambientais/ efeitos sobre a morbidade e mortalidade de crianças e adolescentes”; “Poluição aérea urbana, ‘outdoors’, doméstica e ‘indoors’ – iniciativas e práticas para a redução de danos”; “Poluição aquática e marinha”; e mais.

Para o presidente da SBP, dr. Clóvis Francisco Constantino, trazer o debate sobre meio ambiente para o maior evento da pediatra brasileira tornou-se imperativo em virtude das rápidas mudanças climáticas que o País tem vivenciado nos últimos anos e as possíveis consequências para a saúde das crianças e adolescentes.

“Conversar com pais e as crianças é a melhor forma de estreitar os laços e explicar sobre como a natureza deve ser peça-chave em um desenvolvimento saudável. Estar em contato com as áreas verdes promove uma conexão maior com as crianças e adolescentes, além de ser uma forma de sair um pouco da frente das telas e de espaços fechados, como shoppings, por exemplo. Por isso, é fundamental que os pediatras abordem esse tema em suas consultas, explicando os benefícios de estar em contato com a natureza”, declarou o presidente da SBP.

VERSÃO ATUALIZADA – Por meio de seu Grupo de Trabalho Criança, Adolescente e Natureza, e em parceria com o Instituto Alana, a SBP atualizou o documento “Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes – Atualização 2024”. A versão atualizada do documento de 2019 enfatiza a necessidade de discussão sobre as alterações climáticas (poluição do ar, exposição ao calor), a insegurança alimentar e nutricional, as mudanças na propagação de doenças infecciosas e os impactos na saúde mental. Além disso, realça a importância do planejamento, manutenção e ampliação de áreas verdes, azuis e parques urbanos nas cidades para todas as crianças.

No documento, os especialistas enfatizam ainda que os espaços devem contar ainda com medidas de prevenção e adaptação às mudanças climáticas, em especial as soluções baseadas na natureza, de modo que estejam preparados para enfrentar situações climáticas adversas e que colocam em risco a saúde e a vida de crianças, adolescentes e suas famílias.

Para Maria Isabel Amando de Barros, pesquisadora do Programa Criança e Natureza do Instituto Alana e coordenadora do GT de Criança, Adolescente e Natureza da SBP, a nova versão do documento mostra a importância do trabalho em conjunto para ter cidades mais verdes, resilientes e amigáveis para as crianças e adolescentes.

“Os pediatras exercem um papel fundamental na sociedade, estabelecendo um relacionamento de confiança com as famílias. Portanto, têm a possibilidade ímpar de promover infâncias ricas em natureza em benefício do desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes e da saúde do planeta”, destacou.