I Webinar da Pediatria dos Países de Língua Portuguesa reúne especialistas para falar sobre prematuridade

A prematuridade foi o tema central do I Webinar da Pediatria dos Países de Língua Portuguesa, realizado entre 28 e 29 de novembro, com transmissão aberta pelo site, Facebook e Youtube da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O encontro reuniu especialistas de Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde e Moçambique e marcou o início da troca científica entre os países lusófonos. Os participantes desta primeira edição foram indicados por representantes do Grupo Pediatria Internacional dos Países de Língua Portuguesa, da SBP, sob a coordenação da dra. Marcela Damásio Ribeiro de Castro, que mediou o primeiro dia do evento virtual.

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“Saudamos a todos os pediatras, desejando que, a partir deste encontro, consigamos ampliar ainda mais nossas relações pelo bem dos cidadãos do futuro. Temos laços em comum e vamos unir o saber científico com muita alegria. Esse grupo abraça todas as crianças de língua portuguesa”, disse o presidente da SBP, dr. Clóvis Francisco Constantino, na abertura do encontro.

O presidente do Departamento de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri, abriu as apresentações com a palestra “Vacinação do prematuro: particularidades”. Segundo ele, a covid-19 impactou no número de prematuros no Brasil. “Aproximadamente 11,5% dos partos que acontecem no nosso País são de bebês que nascem antes do tempo; e os casos de prematuridade tiveram um aumento quando as gestantes são infectadas pelo vírus da covid-19”, disse. “A boa notícia é que, ao vacinar a mãe contra a covid-19, os bebês passam a adquirir uma proteção contra o vírus”, completou.

Na aula “Reanimação do prematuro: avanços, o que mudou?”, a supervisora da Residência Materno Infantil da Escola de Medicina da Universidade do Minho e diretora do Serviço de Pediatria/Neonatologia do Hospital de Braga, dra. Almerinda Barroso Pereira, ressaltou a importância do aconselhamento neonatal e da conversa entre todos os profissionais presentes no parto e se houver situação de risco.

“É importante que haja uma discussão da situação clínica com os médicos obstetras, as enfermeiras parteiras, os pediatras e o neonatologista para saber tudo aquilo que pode acontecer durante aquele parto”, assinalou. A médica também disse que pode acontecer algo inesperado mesmo em situações que não sejam de risco, e os pais ou responsáveis devem ser informados sobre isso. 

COMPLICAÇÕES DA PREMATURIDADE – A dra. Lícia Moreira, presidente do Departamento Científico de Neonatologia da SBP, ministrou palestra sobre “Tratamento das principais complicações da prematuridade”. O tema inaugurou as aulas do segundo dia do webinar. Em sua fala, apresentou a abordagem preventiva e terapêutica das complicações da prematuridade, como os problemas respiratórios, cardíacos, enterocolite necrosante, hemorragia cerebral, retinopatia, crescimento e desenvolvimento, infecção, sepse, meningite e os problemas metabólicos. A médica também falou sobre a prevenção de sequelas a partir do pré-natal de qualidade, assistência qualificada ao parto, assistência clínica eficaz no internamento.

Em seguida, a dra. Fátima Clemente, diretora do Centro de Treinamento do Programa de Cuidados Individualizados e de Avaliação do Desenvolvimento do recém-nascido do Hospital São João, da Universidade do Porto (Portugal), comentou sobre os benefícios dos cuidados Canguru; como ele se aplica em diferentes contextos; e as recomendações do método Canguru nas unidades de neonatologia. 

Por fim, a consultora e tutora Ministério Saúde no Método Canguru, dra. Nicole Giane, fez um histórico sobre o método no Brasil, que é uma política pública implementada desde os anos 2000 e que vem modificando os cuidados perinatal e as taxas de morbimortalidade neonatal no País. Ela também detalhou a criação do grupo de trabalho no MS, em 1999, com representantes da SBP, Febrasgo, Opas, Unicef, UNB, BNDES, IMIP e outras instituições, para usar a prática do Canguru e associar a outras correntes do cuidado. “O objetivo desse grupo foi montar os cursos de capacitação e manual técnico, traçar diretrizes, organizar e padronizar experiências para o alinhamento de condutas relativas ao desenvolvimento do Método Canguru no Brasil”.