No 41º CBP, Tiago Leifert destaca a importância do diagnóstico precoce na oncologia pediátrica

Ciência e emoção ficaram de mãos dadas na quinta-feira (24), no 41º Congresso Brasileiro de Pediatria (CBP). Diante de uma plateia lotada, o jornalista Tiago Leifert abriu a mesa-redonda sobre oncologia com o tema “Desvendando Casos Clínicos”, trazendo seu relato pessoal. Contou o drama de sua própria família após receber a notícia de que sua filha Lua, hoje com 4 anos, estava com diagnóstico de retinoblastoma. Tudo aconteceu em 2021, quando a menina tinha 11 meses. Essa fatalidade fez com que ele, ao lado da esposa, Daiana Garbin, assumisse o protagonismo de uma campanha de grande relevância, com o objetivo de alertar médicos e população sobre o diagnóstico precoce para essa doença.

Assim que surgiu a iniciativa “De Olho nos Olhinhos”, com foco na conscientização sobre o câncer ocular infantil. Atualmente, Leifert leva sua mensagem aos brasileiros com apoio de várias entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que desde o início tem apoiado a ação. Na conversa com os congressistas do 41º CBP, o jornalista compartilhou um pouco dessa trajetória, que continua com a missão de atuar pela saúde ocular das crianças brasileiras.

Leifert dividiu com o público como foi o processo de descoberta da doença, ao perceber movimentos diferentes no olho da filha, e como foram os primeiros exames. Por isso, enfatizou a importância de levar esclarecimentos sobre o retinoblatosma para o maior número possível de famílias e profissionais da saúde. “A oncologia pediátrica tem nos trazido dias bons e dias ruins, e foi em um dia ruim que decidimos que precisávamos falar e ajudar outras crianças. A gente não quer que ninguém mais passe por isso. Naquele dia ruim, resolvemos contar nossa história”, disse.

Com a emoção de quem é pai e está superando as dificuldades de um caso complexo, o jornalista ressaltou, ainda, a necessidade de incentivar as visitas frequentes das famílias ao oftalmologista pediátrico, principalmente no primeiro ano de vida. Segundo ele, “os pais e os médicos têm que se adaptar a este hábito. Queremos que todo mundo fique de olho nos olhinhos e que outras crianças possam iniciar o tratamento mais cedo do que nossa filha conseguiu”.

Na mesa-redonda, coordenada pela hematologista e oncologista pediátrica Denise Bousfield da Silva, a oncologista Mara Albonei Dudeque Pianovski também alertou aos pediatras para que prestem atenção nas queixas trazidas pelas mães aos consultórios sobre alterações nos olhos das crianças. Ela contou que o retinoblastoma representa 3% das neoplasias em crianças e que a maioria dos diagnósticos é feita até os dois anos de idade. Entre os principais sintomas estão a leucocoria, conhecida como “olho do gato”, e o estrabismo.

Na sequência, houve debates sobre oncologia em crianças a partir de relatos de alguns especialistas. Ana Paula Kuczynski Pedro Bom apresentou o caso clínico de puberdade precoce registrado em uma menina de 3 anos. Ela detalhou dados dos exames feitos na paciente e apontou as alterações percebidas nos casos de neoplasias raras como a Síndrome de Cushing.

Por sua vez, Neviçolino Pereira de Carvalho Filho trouxe o caso clínico de uma menina de 10 anos para alertar quando a cefaleia pode representar suspeita de tumores cerebrais, reforçando a importância de examinar as crianças integralmente. Na conclusão da atividade, Luciana Nunes Silva apresentou casos clínicos de tumores abdominais e alertou para a importância da atenção pediátrica para o diagnóstico precoce de casos de câncer infantil.