A saúde humana está profundamente ligada ao equilíbrio ambiental do planeta. A sobrevivência dos homens depende, diretamente, da preservação da fauna e da flora, das águas, dos ecossistemas e da biodiversidade. Ciente dessa relação, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) anunciou a criação do Grupo de Trabalho “Saúde Planetária - Saúde Única (SP/SU)”.
Para o presidente da SBP, dr. Clóvis Francisco Constantino, a iniciativa é uma resposta à rápida manipulação ambiental que, nos últimos anos, tem avançado globalmente. “A pediatria está engajada em alertar a população e os políticos, de maneira clara, sobre os perigos da destruição da natureza e suas consequências para a saúde”, afirma.
Segundo o diretor científico da SBP, dr. Dirceu Solé, um dos principais aspectos da iniciativa é a sua integração nas discussões políticas e nas tomadas de decisão, além de promover uma sinergia entre diferentes disciplinas e setores. Na entrevista, ele detalha os objetivos e ações do novo Grupo e explica como essa abordagem pode contribuir para oferecer uma perspectiva melhor de futuro para crianças e adolescentes. Confira a entrevista completa:
SBP Notícias: Em que consiste o conceito de Saúde Planetária / Saúde Única (SP/SU)?
Dr. Dirceu Solé: O conceito foi desenvolvido a partir da avaliação de que a saúde humana está intrinsecamente ligada ao equilíbrio ambiental e à saúde dos outros animais. Complementar à conscientização crescente da necessidade de proteção dos humanos contra as mudanças climáticas, a saúde única (one health) visa a proteção simultânea de humanos, animais e do meio ambiente.
As abordagens integradas têm mostrado que salvam vidas humanas e animais, além de reduzir custos quando comparados ao trabalho separado dos setores de saúde pública e animal. Nos últimos anos, a pandemia da COVID-19 e os efeitos perceptíveis das mudanças climáticas incentivaram a cooperação nacional e internacional para aplicar estratégias de SP/SU, que reforçam a segurança global da saúde ao melhorar a progressão, a colaboração e a comunicação na interface humano-animal-ambiente frente às ameaças compartilhadas, como doenças zoonóticas, resistência antimicrobiana, segurança alimentar e outras.
SBP Notícias: Por que a diretoria atual da SBP decidiu criar um Grupo de Trabalho sobre esse tema?
Dr. Dirceu Solé: Na última década, vários países implementaram uma abordagem de SP/SU, obtendo benefícios amplamente reconhecidos. No entanto, para construir medidas efetivas, os defensores da sustentabilidade precisam de recolher e fornecer dados aos gestores públicos, para ajudar a implementação de políticas e a destinação de recursos. A SBP, como sociedade médica diretamente ligada à infância e adolescência, não poderia abster-se de colaborar para mitigar os agravos que, atualmente, têm afetado o planeta e todos os seres vivos.
SBP Notícias: Quais os principais objetivos do Grupo de Trabalho?
Dr. Dirceu Solé: Queremos transmitir à população e aos políticos, de maneira clara e abrangente, todos os perigos que nos rodeiam em decorrência da não observância das recomendações em relação à emissão de gases de efeito estufa, ao aumento da temperatura do planeta e aos eventos climáticos extremos que têm muito prejudicados, sobretudo, as populações mais vulneráveis. Além disso, vamos participar de eventos e rodas de discussão para construir medidas mais eficazes de melhoria da vida de todos que habitam o planeta.
SBP Notícias: Que tipo de ações o Grupo de Trabalho pretende desenvolver?
Dr. Dirceu Solé: O Grupo de Trabalho irá focar em seis áreas principais: serviços de laboratório, controle de doenças zoonóticas, doenças tropicais negligenciadas, resistência antimicrobiana, segurança alimentar e saúde ambiental. Uma das metas do grupo é estabelecer uma rede de conexão com cientistas biomédicos e clínicos de outras áreas da pediatria. O objetivo é criar uma rede de colaboração para aprimorar o diagnóstico e as pesquisas externas para a saúde planetária e saúde única.
Outros pilares que nortearão as ações do GT incluem a disseminação de conhecimentos sobre SP/SU, tanto por meio de documentos escritos quanto falados, garantindo que toda a população tenha acesso contínuo e renovado. Além disso, o grupo pretende auxiliar as autoridades de saúde na identificação e avaliação de possíveis ações para mitigar os efeitos das mudanças climáticas na saúde.
Também será discutida a questão das alterações climáticas, com ênfase em suas repercussões sobre a saúde do planeta. Outra ação prevista é a elaboração de campanhas de conscientização para promover uma vida mais sustentável, com ênfase no uso racional de água e energia. Por fim, o Grupo buscará propagar a segurança alimentar, com foco em alimentos de origem animal, saneamento ambiental e o fortalecimento de sistemas de vigilância e resposta sindrômica integrada, tanto em nível regional quanto global.
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