SBP lança Diretriz para avaliação e tratamento de dores comuns em pediatria

Em diferentes fases da vida, crianças e adolescentes podem enfrentar experiências dolorosas, seja durante brincadeiras, na prática de esportes, devido a doenças ou após procedimentos médicos. Embora a dor seja um fenômeno comum, muitas vezes é negligenciada. Para ajudar os pediatras a reconhecer, classificar e tratar adequadamente esse problema, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou a Diretriz "Dores comuns em pediatria: avaliação e abordagem".

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O documento frisa que a dor não tratada, desde o período neonatal até a adolescência, pode desencadear consequências, como o comprometimento do desenvolvimento cerebral, maior chance de dores crônicas na vida adulta e a formação de memórias negativas, que produzem mecanismos disfuncionais para lidar com novas experiências dolorosas.

Para evitar agravamentos, a publicação da SBP apresenta seções dedicadas à anatomia e fisiopatologia da dor, avaliação em diferentes faixas etárias, princípios do tratamento farmacológico, a escada analgésica da Organização Mundial de Saúde (OMS), tratamento multimodal da dor, entre outros.

Além disso, o texto enfatiza a importância de antecipar a dor e utilizar rapidamente estratégias para reduzi-la desde o início. “A dor pode ser mais facilmente controlada se for prevenida ou tratada precocemente. A orientação antecipada tornou-se um pilar da prática pediátrica. Embora as crianças apresentem diferenças individuais significativas, elas geralmente seguem sequências de desenvolvimento previsíveis para a idade, o que nos permite antecipar seus desafios.”

Conforme salienta a Diretriz, a descrição verbal da dor é apenas um dos muitos comportamentos possíveis para expressá-la. Assim, a incapacidade de comunicação não invalida a possibilidade de uma pessoa sentir dor. Portanto, o documento traz uma série de quadros esquemáticos e escalas que, de forma objetiva e didática, auxiliam o pediatra na classificação das características e intensidade da dor no diagnóstico e tratamento.

A publicação, elaborada pelo Departamento Científico de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da SBP, também apresenta descrições das condições álgicas mais comuns no consultório pediátrico, incluindo cólica do lactente, otalgia (dor de ouvido), estomatite, gengivite, aftas, faringite aguda, “dor de crescimento”, dor menstrual, dor nas costas e cefaleias.

Por fim, a Diretriz da SBP destaca que o tratamento da dor é um direito humano básico e deve ser uma prioridade no cuidado da criança e do adolescente. “A dor não tratada pode deixar sequelas no indivíduo, levando a consequências que repercutem nos sintomas e quadros clínicos dos pacientes. É fundamental que os profissionais de saúde saibam valorizar a dor e abordá-la de forma adequada”, finaliza o texto.