SBP reforça alerta sobre perigo de desafios online envolvendo crianças e adolescentes

Desafios online resultaram na morte de duas crianças, de 8 e 11 anos, por parada cardiorrespiratória após inalação de aerossol presente em desodorantes. As mortes ocorreram num intervalo aproximado de apenas um mês, sendo a mais recente no último domingo (13/04) em Ceilândia, no Distrito Federal. Diante dos casos, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reforça o alerta sobre os riscos à integridade física e emocional do público infantil por trás dos desafios disseminados nas plataformas digitais.

Segundo dados do Instituto DimiCuida, pelo menos 56 crianças e adolescentes de 7 a 18 anos morreram ou tiveram ferimentos graves entre 2014 e 2025 ao participar de jogos ou desafios online. Entre os comportamentos de risco mais comuns estão práticas de sufocamento, asfixia, apneia e autoagressão.

Entre as recomendações do Grupo de Trabalho Saúde na Era Digital da SBP, apresentadas no documento #Menos Jogos Perigosos #Mais Saúde, destaca-se a importância de a comunidade médica, especialmente os pediatras, abordar o tema durante as consultas, alertando toda a família sobre os riscos relacionados à temática, cada vez mais presente na vida de crianças e adolescentes.

No documento, os especialistas destacam que os pais e cuidadores devem estar presentes na rotina dos filhos, especialmente na supervisão das atividades online, estabelecendo regras claras sobre segurança, privacidade e bloqueio de mensagens inapropriadas, violentas ou discriminatórias, que podem causar danos físicos ou mentais. Além disso, devem orientar sobre a importância de evitar a prática de desafios perigosos.

As recomendações vão além do ambiente familiar e pedem atenção e conscientização sobre o tema de educadores escolares, psicólogos e profissionais da área de saúde mental, que trabalham com crianças e adolescentes em diferentes comunidades e circunstâncias. O objetivo é que toda a sociedade esteja atenta não só aos riscos, mas também preparada para que possa atuar de forma preventiva.

RESPEITO – Os especialistas ainda orientam que crianças e adolescentes sejam orientados e aprendam sobre regras de segurança e sobre como lidar de forma respeitosa com os colegas nas escolas, além de treinamento em habilidades de comunicação emocional e social para compreender e prevenir os principais riscos comportamentais na internet.

Outro ponto de destaque é a importância de denunciar conteúdos com teor inapropriado e desafios que possam levar a riscos físico e mental, para que possam ser bloqueados e excluídos da internet tão logo sejam postados. Segundo explica a coordenadora do GT Saúde na Era Digital da SBP, dra Evelyn Eisenstein, os desafios podem colocar em risco a vida ou a integridade física ou psicológica, além de ocasionar danos irreversíveis.

“Os desafios perigosos na internet correspondem à instigação e à prática de comportamentos, que são considerados como de autoagressão e muitas vezes revestidos de uma falsa impressão de ‘inofensivos’ ou ‘brincadeiras’ e que são divulgados e ampliados com rapidez em imagens e vídeos, também como jogos online, em diferentes plataformas”, esclarece.

REGULAÇÃO – A SBP reforça ainda a importância da regulação das redes sociais e do Projeto de Lei que visa a proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais (2628/22), que está para ser aprovado na Câmara dos Depuatdos. Além disso, enfatiza também a responsabilidade social das BigTechs, das escolas, dos governos e das famílias.