A humanização na saúde está relacionada às práticas e recursos voltados à ampliação do relacionamento entre médicos e pacientes. Entender o sofrimento de quem necessita de atendimento, bem como contar com suas opiniões, é uma das premissas de um trabalho que leva em conta a totalidade do indivíduo para além da enfermidade. O médico, poeta, pintor e filósofo espanhol, José de Letamendi y Manjarrês (1828-1897) dizia que “o médico que apenas sabe medicina, nem medicina sabe”.

Foi com base nessa narrativa que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) escolheu o tema central do 13º Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e Metabologia (Cobrapem): “Humanidades e Medicina: a contribuição da Endocrinologia Pediátrica”. A expectativa do evento, que acontece até o próximo sábado (1/6), em Costa do Sauípe (BA), é mostrar aos participantes a importância da humanização do paciente.

“Não há dúvidas de que o Brasil precisa de pediatras cada vez mais qualificados e de sensibilidade aguçada, capazes de entender o que não se traduz em palavras, um talento que se desenvolve a partir do contato com as abordagens ligadas às humanidades e à espiritualidade. Os pacientes e suas famílias também se beneficiarão pelas mudanças surgidas, ao ganharem a atenção de pediatras melhor preparados e mais sensíveis”, disse a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva.

Quem circula pelos estandes e hall de convivência do 13º Cobrapem se depara com totens que enfatizam sempre a humanização. São dicas de livros, filmes, réplicas de telas de pinturas, frases de grandes mestres da literatura e da filosofia, com o objetivo de tornar o congressista mais próximo da realidade dos pacientes os quais assistem.

O folder com a programação do Congresso também mesclou informações técnicas e humanísticas, reforçando a necessidade de ambas caminharem juntas e de mãos dadas. Foram selecionados temas de humanidade envolvendo pintura, poesia, romance, cinema, folclore, história, entre outras.

“Tão importante quanto a programação científica é refletir sobre o tema central do Congresso. A arte de ensinar e educar não se resume apenas à transmissão do conteúdo técnico. Também é necessária a transmissão de valores éticos, de compaixão e de empatia para o próximo. Os médicos estão cada vez mais ligados aos avanços da tecnologia, diagnóstica e terapêutica. Porém, o avanço da tecnologia na área da saúde exige também o avanço no conhecimento da área de humanidades, de modo a resgatar a ruptura entre o tecnicismo e o humanismo” destaca o presidente do 13º Cobrapem, dr. Crésio Dantas Alves.

DIRETRIZ – De acordo com o Ministério da Saúde, a humanização da saúde deve permanecer como uma diretriz transversal que favoreça a troca de saberes, diálogo entre profissionais, trabalho em equipe e consideração aos desejos e interesses dos diferentes protagonistas do campo da saúde. Oferecer uma assistência mais humana implica no aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde, assim como exige mudanças na cultura de atenção aos pacientes e gestão dos processos de trabalho.

São vários os benefícios na implantação do atendimento humanizado, dentre os quais se destacam a memorabilidade (facilidade de ser lembrado pelo paciente); maior eficácia no cuidado ao paciente; forte relação com a ética; fidelização, facilidade em ganhar a confiança de quem é atendido.