A presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Rodrigues Silva, apresentou a conferência “Alergia ao leite de vaca não mediada por IgE: como abordar?” na quinta-feira (11), em Foz do Iguaçu (PR). Na ocasião, a especialista destacou a importância da discussão, uma vez que a prevalência de diferentes manifestações alérgicas, assim como a gravidade dos seus quadros, tem aumentado consideravelmente, sobretudo em crianças e adolescentes.
“Há evidências muito claras sobre a influência da genética, ambiente e fatores dietéticos na formação do microbioma dos indivíduos com alergia. Durante muito tempo, havia uma teoria que relacionava as células a essas doenças, mas acabou sendo identificado imunologicamente como os hábitos de vida são responsáveis por modificar completamente a reação imune dos indivíduos”, afirmou.
FATORES - De acordo com a presidente da SBP, entre os fatores que alteram a microbiota intestinal e consequentemente aumentam a possibilidade do desenvolvimento de alergia ao leite de vaca e outras manifestações, estão: o uso frequente de antibióticos; a dieta da criança, com ênfase no tipo de leite consumido nos primeiros meses de vida e posteriormente o baixo consumo de fibras; condições ambientais do lugar de moradia; e herança genética.
“Sabemos também que a microbiota da mãe, em partes específicas do corpo, pode alterar o microbioma da criança. Boas condições dentárias da mãe (micromiota bucal) e o parto normal (microbiota vaginal) têm significativa relevância no desenvolvimento saudável do sistema imunológico da criança a longo prazo”, explicou.
Conforme expôs dra. Luciana Silva, os três primeiros anos de vida são fundamentais para a diversificação do microbioma, sendo que a perda progressiva dessa diversidade em muitas cepas facilita o aparecimento da alergia alimentar. “Quanto maior a multiplicidade de bactérias, melhores serão os benefícios para o hospedeiro”, afirmou.
DIAGNÓSTICO – Na oportunidade, foram explanados métodos para obtenção de diagnóstico a partir da eliminação do alérgeno, aplicação de desafio oral e análise dos sintomas após a restrição. Segundo a presidente da SBP, sempre que houver recidiva, será preciso manter uma dieta específica, que posteriormente deve ser avaliada para verificar o desenvolvimento de tolerância.
A especialista comentou também aspectos sobre a eficácia, tempo de aplicação e viabilidade dos diferentes tipos de testes de provocação oral, com ressalvas para o uso dos testes de desencadeamento para casos graves e IgE mediado apenas em ambiente hospitalar.
TRATAMENTO – O tratamento sempre deve ser iniciado a partir da exclusão da proteína alergênica. A recomendação para mães lactantes compreende a retirada do componente alérgeno da sua própria dieta. Já as crianças não amamentadas precisarão ser submetidas a fórmulas extensamente hidrolisadas, que resolvem a maioria dos casos. Para as exceções, pode-se optar por fórmulas com aminoácidos.
“De modo geral, os pediatras devem preferencialmente optar por métodos que não alterem a qualidade de vida dos pacientes. Como opção, há imunoterapias subcutâneas com imunomodulação e indução de tolerância. Além disso, existem evidências suficientes para que o leite de vaca nunca seja utilizado no primeiro ano de vida”, constatou dra. Luciana Silva.
Em sua fala, a pediatra reforçou ainda a importância de sempre enfatizar a possibilidade de relactação, visto que a maioria dos imunomoduladores que previnem a reação inflamatória se encontram justamente no leite materno. O alimento é considerado o mais completo para a prevenir alergias, segundo as evidências científicas.
Na oportunidade, especialista apresentou também alguns resumos científicos que apontam para terapêuticas baseadas no uso de determinadas microbiotas com potencial para modificar a suscetibilidade alérgica dos pacientes.
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