Como parte das atividades pré-congresso do 17º Congresso Brasileiro de Gastroenterologia Pediátrica (Gastroped), a presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Rodrigues Silva, ministrou na tarde desta quarta-feira (29), duas aulas no curso “Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)“. Na primeira exposição, a especialista fez uma abordagem global do paciente pediátrico e sua família.
Segundo ela, as doenças inflamatórias intestinais são doenças crônicas na vida do indivíduo, sendo preciso o pediatra estar atento a isso. “Nos pacientes pediátricos, as doenças crônicas produzem sequelas ou limitações nas diferentes faixas etárias, com a necessidade do uso de medicações em longo prazo, remissões e caídas com impacto no crescimento e desenvolvimento”, explica.
Dra. Luciana destacou que é importante uma equipe multidisciplinar com expertise no tratamento da criança com DII, composta por gastroenterologista pediátrico, cirurgião, pediatra, nutricionista, enfermeira, psicólogo, assistente social, endoscopista, patologista, radiologista, endocrinologista, reumatologista, entre outros.
“Infelizmente, barreiras financeiras e de conhecimento dos gestores têm retardado a assistência adequada aos pacientes e suas famílias. É urgente a necessidade de atualizar os médicos gerais da atenção primária, secundária e terciária, e os especialistas. Além disso, as desigualdades sociais, carência de alta tecnologia diagnóstica e medicamentos caros são fatores que implicam na melhoria do paciente”, lamentou.
A gastropediatra enfatizou ainda a necessidade de maximizar o potencial destes pacientes em todas as áreas e minimizar as consequências da doença e do tratamento. Dra. Luciana disse também que é preciso treinamento específico de toda a equipe para atenção e melhora da qualidade de vida dos pacientes e suas famílias, “prevenindo e identificando as complicações físicas, psíquicas e sociais bem como as latrogenias e peculiaridades em cada faixa etária”.
ANTI-INFLAMATÓRIOS – Na segunda aula, dra. Luciana apresentou uma atualização sobre o uso de anti-inflamatórios e imunossupressores, quando indicar e quais as drogas disponíveis, além da escolha da melhor terapia. “É preciso verificar se o paciente é de alto risco, ou seja, se têm algumas patologias como úlcera profunda à avaliação endoscópica; doença perianal; lesões no trato gastro-intestinal superior; tabagismo; qualidade de vida ruim; recaídas frequentes; entre outras”, observou.
A presidente da SBP ressaltou ainda a importância do uso racional dos corticoides, devido seus efeitos adversos. “O pediatra não pode subestimar a toxidade desses medicamentos e nem prolongar o uso de imunossupressor em dose otimizada, se a remissão completa não for atingida”, orienta.
Além das aulas da dra. Luciana, outras palestras do curso de Doenças Inflamatórias Intestinais ocorreram durante a tarde. Na ocasião, foram tratados temas como “Contribuição dos testes genéticos na condução de crianças com DII”, com a dra. Michela Cynthia da Rocha Marmo (PE); “Nutrição enteral para indução de remissão: abordagem prática”, conduzida pela dra. Larissa de Andrade Viana (PE); e “Atualização no uso de imunobiológicos na DII infantil”, ministrada pela dra. Maraci Rodrigues (SP).
Encerrando o curso, o dr. Idblan Carvalho de Albuquerque (SP), conduziu duas aulas: “Abordagens cirúrgicas na criança com retocolite ulcerativa” e “Abordagens cirúrgicas na criança com doença de Crohn”.
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