Para fomentar a elaboração de políticas públicas voltadas à redução do impacto das ameaças ambientais e climáticas na saúde de crianças e adolescentes, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) apresentou, nesta terça-feira (8), durante o 1º Simpósio de Saúde Ambiental em Pediatria, a "Carta de Porto Alegre – Em prol da saúde ambiental da criança no Brasil". O documento destaca a necessidade de mais engajamento por parte dos pediatras – de modo individual, local e nacional –, assim como dos gestores do Estado e da população em geral, para alterar a atual realidade de degradação dos ecossistemas e os consequentes efeitos deletérios à saúde e ao bem-estar dos indivíduos.
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De acordo com o coordenador do Simpósio e presidente do Departamento Científico de Toxicologia e Saúde Ambiental da SBP, dr. Carlos Augusto, a iniciativa se soma à crescente preocupação e às discussões sobre o tema em todo o mundo. "A Carta de Porto Alegre visa estimular os pediatras a se mobilizarem, tomando essa causa como prioritária e formulando ações, seja no seu dia a dia de atendimento, em conjunto com a sua comunidade ou os órgãos governamentais”. informou ele durante a sessão de leitura do documento.
A iniciativa conta com apoio do Departament of Public Health, Environmental and Social Determinants da Organização Mundial de Saúde (OMS), que enviou uma mensagem em vídeo – além de material de apoio – para os participantes do evento, com ênfase nas diretrizes internacionais sobre o assunto.
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Na oportunidade, o secretário-geral da SBP, dr. Sidnei Ferreira, ressaltou o compromisso da entidade com as questões ambientais, "cada vez mais relevantes no contexto de cuidados integrais com o paciente". Já o vice-presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), dr. Sérgio Amantea, elogiou a publicação, cuja missão é trazer luz a um assunto com importância evidente, mas ainda pouco debatido no País.
Entre os pontos principais da Carta de Porto Alegre, constam indicações para que os pediatras possam:
· Cada vez mais, reconhecer os fatores de risco ambientais à saúde das crianças;
· Educar pacientes, familiares, outros colegas e estudantes;
· Advogar em sua comunidade pela promoção à saúde contra as ameaças ambientais, usando o prestígio e reconhecimento que tem como o médico especialista da criança.
· Participar ativamente, com a SBP e suas filiadas regionais, no estímulo ao ensino e pesquisa na área de Saúde Ambiental no Brasil, contribuindo para a educação de outros profissionais envolvidos na atenção a criança e ao adolescente.
PALESTRAS – A abertura das atividades científicas ficou a cargo da professora de Toxicologia da Universidad de la República de Uruguay, dra. Amália Laborde, que compartilhou conceitos sobre a influência do meio-ambiente na saúde. Segundo as informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentadas pela especialista, cerca de 26% das mortes em crianças menores de cinco anos são devidas a causas ambientais modificáveis, sendo que os riscos são maiores para a parcela da população mais pobre.
Na oportunidade, a palestrante também ressaltou o papel fundamental do pediatra para a proteção do paciente. Na lista de ações de prevenção e acompanhamento que podem ser realizadas pelos especialistas, constam: registrar a história ambiental da criança; contribuir para a pesquisa e geração de conhecimento na área; identificar as fontes ambientais das doenças e aconselhar para interromper a exposição; e interagir com atores locais e gestores públicos para auxiliar na formulação de políticas.
Na sequência, a mesa-redonda coordenada pelo integrante do Comitê de Toxicologia da SPRS, dr. Marcus Vinícius Razera, abordou assuntos como "Saneamento, água e alimentos: contaminantes biológicos e químicos", "Pesticídas/agrotóxicos" e "Interferentes/Disruptores endócrinos". Além da falta de infraestrutura das cidades brasileiras, os debatedores alertaram para a presença crescente de sustâncias tóxicas em produtos de consumo essenciais à subsistência da população.
Na ocasião, também ocorreram discussões sobre "Poluição aéreas e doenças respiratórias", "Neurotoxicidade", "Metais pesados", "Poluentes emergentes e lixo eletrônico", além de apresentações orais de trabalhos científicos.
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