Mais de 250 pediatras, estudantes de medicina e outros profissionais das áreas de emergências hospitalares participaram nesta terça-feira (8) do 1° Simpósio de Reanimação Pediátrica, uma das atividades da programação cientifica do 39° Congresso Brasileiro de Pediatria (39º CBP). É a primeira vez que o tema é tratado de forma ampla na grade do maior evento nacional da especialidade. Para o presidente do simpósio e coordenador do Programa de Reanimação Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria (PALS-SBP), dr. Alexandre Rodrigues Ferreira, a reanimação pediátrica no País já avançou muito, mas ainda é necessário qualificar os profissionais que atuam nos prontos atendimentos, SAMU e emergências de hospitais.
Dr. Alexandre Ferreira destacou que é preciso reconhecer com rapidez a gravidade da situação da criança em parada, fazer uma intervenção rápida visando a estabilização do paciente e melhorar o prognóstico. Ele lembrou que há 21 anos a SBP tem um Grupo de Estudos de Reanimação Pediátrica com abrangência em diversos estados. “As evidências científicas apontam que a reanimação tem melhorado, ao longo dos anos, mas ainda há muito a avançar”, adiantou.
TREINAMENTO DE EQUIPES – A coordenadora do PALS-SBP, dra. Tania Shimoda Sakano, também afirmou que, apesar dos avanços que a ciência de reanimação pediátrica apresenta, o prognóstico acertado ainda está muito abaixo do esperado. “A parada cardíaca em crianças é a maior emergência pediátrica nos hospitais”, enfatizou. Neste cenário, explica dra. Tania, a parada que ocorre fora do hospital, mesmo que tenha algum tipo de atendimento, é menor.
Para melhorar este quadro, ela relatou que é preciso investir em treinamento de equipes, em sistemas de urgência em hospitais, em cursos práticos e na oferta de desfibrilador externo automático (DEA). Dra. Tania informou que, de 2006 a 2012, foi feito um estudo no metrô de São Paulo, que indicou a reanimação de 62 paradas da população de todas as faixas etárias. Destas, 72% voltaram a respirar e 43% tiveram sobrevidas e foram encaminhadas aos hospitais. “Isto porque existiam desfibriladores e pessoas treinadas para estas situações”.
MESAS REDONDAS – Após a abertura do 1° Simpósio de Reanimação Pediátrica, houve ainda uma mesa redonda com o tema “Reconhecimento e Atendimento Inicial à Criança Criticamente Enferma”. O instrutor do curso de Reanimação Pediátrica no Amazonas e coordenador do curso Neonatal pela SBP, dr. Alexandre Lopes Miralha, falou sobre Avaliação Sistemática na Emergência (triângulo, reconhecimento e triagem) e destacou a importância da avaliação primária no atendimento da reanimação pediátrica, com ênfase na análise das vias aéreas, circulação, respiração, disfunção e exposição. “Uma avaliação primária correta, no menor tempo possível, pode mudar o futuro das crianças e evitar a necessidade de outras avaliações”, resumiu.
A necessidade de investir em treinamentos foi destacada ainda pela coordenadora técnica da emergência do Real Hospital Português de Pernambuco, dra. Valéria Maria Bezerra Silva. Ela disse que, ao treinar
profissionais de saúde que atendem crianças, percebeu o quanto o Brasil está atrasado em relação a outros países no quesito parada cardíaca. Por isso, ela defende a adoção do programa Kids Save Lives, aprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2011, adotado em muitos países e que tem o objetivo de treinar crianças em escolas para a reanimação pediátrica. “Crianças em idade escolar tem capacidade de fazer ressuscitação, possuem elevado potencial para uma resposta imediata e apresentam uma visível melhora na autoestima quando conseguem auxiliar outras crianças”, declarou.
O Simpósio prosseguiu também com mesas redondas sobre “Reconhecimento e atendimento inicial à criança criticamente enferma”, “Cuidados na estabilização pós-parada”, uma conferência sobre “Atualizações do uso da Epinefrina na Parada Cardiorespiratória” e a apresentação de casos clínicos interativos na emergência pediátrica.
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