A história e o compromisso da madrinha

  Fernanda Vogel Molina Groisman é dentista e trabalha apoiando outras mulheres no aleitamento materno. “Já preguei muito cartaz desta Campanha”, disse ao SBP Amamentação. Este ano, mãe de Thomas, nascido em 17 de junho e mamando muito bem, exclusivamente no peito, é a madrinha da campanha que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e …

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Na Amazônia. Fernanda retornando de trabalho com comunidades ribeirinhas

 

Fernanda Vogel Molina Groisman é dentista e trabalha apoiando outras mulheres no aleitamento materno. “Já preguei muito cartaz desta Campanha”, disse ao SBP Amamentação. Este ano, mãe de Thomas, nascido em 17 de junho e mamando muito bem, exclusivamente no peito, é a madrinha da campanha que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Ministério da Saúde lançaram nesta Semana Mundial da Amamentação (SMAM).

- Durante anos fiz um trabalho social voluntário de promoção do aleitamento materno chamado MAME, viajando pelo Brasil. Buscava doações e conseguia roupas, alimentos, escovas e pastas de dente, livros e material para divulgação. Levava sempre comigo também as bonecas de pano que amamentam para dar para a criançada e os cartazes da Campanha, que colava, distribuía, da Amazônia até os Sertões…no Nordeste…Sul. A seriedade de uma campanha mundial, com madrinhas incentivando o aleitamento materno fortalecia tudo, dava confiança e credibilidade. Eu não estava sozinha. Voltava para casa e os cartazes continuavam lá, semente plantada”, disse.

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Colando cartazes da SMAM

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A SBP criou a “campanha da madrinha SMAM” em 1999 e a primeira foi a empresária Luiza Brunet. O Ministério da Saúde está na parceria desde 2004. A Semana é uma iniciativa da Waba e ocorre desde 1992, atualmente em cerca de 130 países, de 1 a 7 de agosto. No Brasil, a Semana é coordenada pelo Ministério.

Em 2015, o objetivo na SMAM é discutir o importante suporte que precisa ser dado para que a trabalhadora amamente, com licença-maternidade de seis meses; Sala de Apoio no local de trabalho, apropriada para a amamentação e para a retirada do leite a ser levado ao seu bebê; e creches, para que sejam proporcionadas as condições necessárias à continuidade da amamentação, depois do final da licença-maternidade. Leia, a seguir, o depoimento e veja as fotos do Arquivo da Madrinha SMAM/2015, cedidas para a divulgação da Campanha.

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Doação de livros sobre amamentação, em Posto de Saúde
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Aula de amamentação em escola
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Desenho de aluno sobre aula de amamentação

Fernanda, quando começou sua experiência com amamentação? Em 2001, durante a especialização em Reabilitação Neuro Oclusal, soube que aleitamento materno é prevenção odontológica. Ao buscar aprofundamento, conheci a dra. Gabriela Dorothy de Carvalho, que me ensinou quase tudo o que eu sei sobre o assunto. Minha atitude clínica no consultório passou a ser outra e viajei pelo Brasil atendendo clinicamente em comunidades carentes. Queria que as pessoas entendessem como amamentar adequadamente, sem usar chupetas e mamadeiras. Quando conversamos com gestantes, em geral todas dizem querer amamentar. Graças a campanhas como a da SBP, hoje quase todas sabem da importância disso. Amamenta-se muito mais e melhor atualmente do que há tempos. Mas, infelizmente, as que conseguem manter isso pelo tempo recomendado ainda são minoria. Há um desmame precoce quase que generalizado. Estar ao lado das mães, auxiliá-las, é extremamente necessário. 

Qual a situação das comunidades indígenas com as quais você trabalhou? Poucas tribos ainda mantêm intactos seus costumes, muitas não amamentam mais. A dos Ianomâmis, na Amazônia, é uma das que continua e o fazem por três anos. As crianças maiores também recebem leite materno em uma cuia, enquanto as menores são amamentadas em livre demanda. O desmame é gradativo, o bebê fica com a mãe no colo o tempo todo. Quando passa a se interessar pelo que a mãe come ela dá na mão dele e ele leva à boca. Assim, se prepara para mastigar. Mastiga e engole. Se não estiver preparado, o bebê apenas chupa e cospe. Aos poucos vai sendo introduzido na alimentação da família. Não há higiene oral, nem cáries. A arcada dentária é bem trabalhada durante esse tempo de amamentação. Uma vez que a alimentação oferecida ao bebê é seca, dura e fibrosa, o sistema mastigatório funciona adequadamente, prevenindo todos os problemas orais. O primeiro ano de vida é fundamental para a qualidade da mastigação, da respiração e da postura corporal para o resto da vida.

Leia aqui o SBP Amamentação 21