“O desenvolvimento infantil é um modelo definido por uma interação entre as características da criança (genótipo, temperamento), estímulos dados pelos pais e fatores ambientais, que compõem o que chamamos de ‘Ecologia da Criança’”
Ricardo Halpern é presidente do Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da SBP e tem ministrado cursos sobre o assunto em congressos nacionais e regionais. Também editou o recém-lançado “Manual de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento (SBP e Editora Manole, 2014)”. A seguir, fala sobre a linguagem, considerada crucial no desenvolvimento da criança.
Quais são as áreas do desenvolvimento normal de crianças e adolescentes que o pediatra precisa conhecer para, a partir daí, detectar precocemente os desvios?
Ricardo Halpern: O conhecimento de todas as áreas do desenvolvimento é fundamental, mas a linguagem é o marcador principal, seguida da motricidade fina, da adaptação pessoal e social e da motricidade ampla.
Por que exatamente a linguagem é tão importante e quais suas etapas?
É a função mediadora de todas as outras. Através dela, a criança consegue se expressar, se comunicar, se adaptar ao seu meio. Em geral, as crianças começam a colocar as primeiras palavras em torno de um ano de vida; articulam suas frases com dois; e existe o que chamamos de sinal de alerta, quando a criança, aos 12 meses não emite nenhum som ou nenhuma palavra; quando aos 24 meses não constrói as frases. Isso não é necessariamente sinônimo de patologia, mas uma investigação cuidadosa se faz necessária, para que se verifique o que está causando aquele sintoma ou atraso de uma habilidade que já deveria ter sido adquirida.
Como ocorre a investigação?
A investigação dos atrasos começa pela avaliação sensorial da criança, pela análise do desenvolvimento (área pessoal-social, adaptativa, motricidade ampla e fina, cognição e, é claro, linguagem expressiva e compreensão da linguagem). Várias ferramentas podem ser utilizadas, desde os instrumentos de triagem do desenvolvimento até os diagnósticos e, dentre esses, há os que devem ser primeiramente excluídos, como o Transtorno do Espectro Autista, deficiência auditiva, déficit intelectual, além das dificuldades no estímulo da criança e outros fatores ambientais.
Há variações nesse processo?
É importante assinalar que nenhuma criança pula etapas no seu desenvolvimento, simplesmente acompanha uma sequência. Mas existem variações individuais, que estão ligadas ao ritmo de aquisições. O desenvolvimento infantil é um modelo definido por uma interação entre as características da criança (genótipo, temperamento), estímulos dados pelos pais e fatores ambientais, que compõem o que chamamos de “Ecologia da Criança”. O conjunto determina inúmeras possibilidades de combinações que podem oferecer fatores de proteção ou um efeito cumulativo de risco para o desenvolvimento infantil.
A observação dos pais pode ajudar o pediatra?
Sim, é extremamente útil. Mesmo que não saibam exatamente o que está ocorrendo, têm uma clareza na percepção de que algo não está bem e, em geral, estão corretos em 80% das vezes. A valorização do relato dos pais é fundamental para que o pediatra possa investigar a situação. As famílias estão expostas a muitas informações e podem ser orientadas pelos pediatras. Os livros da série “Filhos” (SBP e Manole), bem como o site www.conversandocomopediatra.com.br , são fontes muito adequadas.
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