Podendo acarretar sequelas físicas incapacitantes e marcas psíquicas graves, a violência é uma doença que exige intervenções múltiplas e requer, além de medidas relacionadas à assistência médica, suporte psicológico, educacional e jurídico. Na manhã de sábado (7), último dia de programação do 40º CBP, os congressistas tiveram a oportunidade de ouvir três especialistas sobre o assunto, em mesa-redonda dedicada a abordar as principais dimensões da violência envolvendo a faixa etária pediátrica.
Abrindo as exposições sobre o tema, a dra. Renata Dejtiar Waksman, coordenadora do núcleo de estudos da violência contra crianças e adolescentes da Sociedade Paulista de Pediatria, trouxe ao debate a dimensão da violência física, caracterizada pelo uso da força de forma intencional com o objetivo de demonstrar poder e controle sobre a criança ou adolescente. A médica dividiu sua explicação no que considerou as duas principais categorias nesse aspecto: o espancamento e o trauma cefálico abusivo, o último caracterizado pelo que chamou de “síndrome do bebê sacudido”.
A dra. Renata apresentou ainda quais seriam os grupos risco envolvidos nesses tipos de agressão, bem como orientações sobre o atendimento e avaliação das vítimas, destacando que todos os casos de violência exigem uma rede ampla de apoio. “A situação da violência não deve ser ‘medicalizada’, mas sim abordada por uma equipe multiprofissional, para garantir uma abordagem adequada, sempre pensando na proteção das crianças”, defendeu.
Para falar sobre os aspectos da violência sexual contra crianças e adolescentes, a médica Ana Lúcia Ferreira, professora da associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou a necessidade de um atendimento centrado na criança e no adolescente. “Nós pediatras não podemos deixar com que crenças pessoais e tabus interfiram no trato o paciente vítima de abuso sexual. “Nosso foco sempre deve estar na proteção, segurança, privacidade e confidencialidade das crianças”, explicou.
Encerrando o ciclo de discussões sobre o tema, a médica pediatra e psicanalista Lucy Pfeiffer trouxe os pontos relacionados à violência psíquica contra crianças e adolescentes. A especialista colocou que, assim como os demais tipos de violência, a agressão psíquica é doença de alta prevalência, crônica e progressiva, tendo sinais, sintomas e exames específicos, com maior frequência de origem familiar e doméstica. Para a especialista, “o pior dos danos que se pode trazer para a vida de uma criança, é fazer com que ela cresça não se sentindo valorizada por aqueles aos quais ela mais ama”.
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