Aleitamento materno pode auxiliar na prevenção da obesidade infantil

 O leite materno é a melhor fonte de nutrição para bebês e a forma de proteção mais econômica e eficiente para diminuir as taxas de mortalidade infantil, sendo capaz de reduzir em até 13% os índices de mortalidade em crianças menores de cinco anos, de acordo com o Ministério da Saúde. Por isso, a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é de que a amamentação aconteça até os dois anos de idade ou mais, sendo de forma exclusiva nos seis primeiros meses de vida.

A amamentação protege a criança de doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias, além de evitar o risco de desenvolver hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade e aumento de colesterol na vida adulta. Estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de três anos e tipo de alimentação no início da vida constataram menor frequência de sobrepeso naquela que amamentaram por um período maior. Além disso, foi constatado que elas possuem risco 22% menor de desenvolver obesidade, em comparação com outras crianças da mesma faixa etária e que não foram amamentadas.

“O leite materno é rico em vitaminas, minerais, componentes imunológicos, proteínas e hormônios que agem no controle da fome e saciedade. Esta composição (padrão ouro) do leite humano é sempre destacada em estudos que mostram a duração da amamentação relacionada com a proteção contra obesidade futura”, explica o presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP, dr. Luciano Borges Santiago.

Segundo ele, a alimentação complementar introduzida precocemente (antes de 6 meses) também se relaciona à futura obesidade, visto que muitas vezes é feita de forma inadequada e com alimentos de baixa qualidade nutricional. “O aleitamento materno por dois anos de idade ou mais e, de forma exclusiva, nos primeiros seis meses, é com certeza um importante aliado na prevenção da obesidade infantil”, observa.

OBESIDADE INFANTIL – De cada três crianças e adolescentes no Brasil, uma está acima do peso; 13,2% das crianças de 5 e 9 anos e 9,7% dos adolescentes têm obesidade e cerca de 28,1%, sobrepeso, segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), com dados atualizados até 2019.

“A obesidade é uma doença crônica multifatorial, decorrente de um distúrbio do metabolismo energético, que ocorre pela interação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais, e acarreta excessivo acúmulo de gordura corporal, com repercussões orgânicas e psicossociais. Por exemplo, quando os pais têm obesidade (fator genético) e a família possui hábitos alimentares não saudáveis e são sedentários (fatores ambientais) o risco de a criança ser obesa é grande”, explica a presidente do Departamento Científico de Nutrologia da SBP, dra. Virgínia Weffort.

Ela adverte para a importância da prevenção, e quando a obesidade já existe, o tratamento adequado pode evitar problemas graves mesmo na infância, como diabetes tipo 2, aumento do colesterol, hipertensão arterial, alterações ortopédicas, entre outras. Além da saúde física, a obesidade também pode ter efeitos psíquicos nessa fase da vida. 

“A criança com obesidade pode desenvolver uma autoestima baixa, pois muitas vezes são excluídas dos jogos e brincadeiras e sofrem bullying, o que pode levar à ansiedade e à depressão, piorando o quadro. O tratamento da obesidade infantil envolve principalmente o apoio familiar para adesão à reeducação alimentar, prática de atividade física e, eventualmente, medicação (a partir dos 12 anos)”, salienta.