Amamentação na adolescência é tema de novo documento científico

Os Departamentos Científicos de Adolescência e de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançaram, em conjunto, o documento “A adolescência e o aleitamento materno”. O objetivo é apresentar e discutir o conhecimento sobre os aspectos que envolvem a amamentação no período da adolescência e, assim, contribuir para que os pediatras, médicos de adolescentes, da família e equipe de saúde possam desenvolver uma atenção integral de qualidade voltada às adolescentes nessa fase.

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Conforme definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e corroborado pelo Ministério da Saúde (MS), a adolescência é o período vida do ser humano que vai dos dez aos 20 anos incompletos de idade. “É uma fase marcada por intensas mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais. É nela em que se inicia, para a maioria das pessoas, a atividade sexual. Apesar do grande progresso social, científico e cultural das últimas décadas, o tema sexualidade ainda é de difícil discussão entre os adolescentes e seus pais, continuando a se apresentar como tabu”, afirma o texto.

Para os especialistas, consequente ao progresso, a exposição aos estímulos presentes no meio em que os adolescentes se desenvolvem parece incentivar o início da atividade sexual em idades cada vez mais precoces. No entanto, alertam, os jovens muitas vezes não são preparados para o exercício saudável e consciente, o que evitaria Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e gravidez precoce com a correta anticoncepção ou os tornando responsáveis para a maternidade e a paternidade.

MUDANÇAS – O nascimento de um bebê, tornar-se mãe, independentemente da idade, provoca mudanças e adaptações, reajustes interpessoais e intrapsíquicos. Segundo os pediatras, é necessário desenvolver capacidades para prestar cuidado ao filho frágil e dependente, o que, para a adolescente, pode se tornar um processo ainda mais complexo, principalmente quando ela não obtém de seu meio relacional um suporte apropriado.

“Muitas vezes, a condição de ser mãe determina insegurança, ansiedade e medo, diante dessa nova realidade. Essas mudanças podem comprometer a prática da amamentação, levando essas jovens a amamentarem seus filhos por um tempo inferior ao preconizado pela OMS, além de, em muitas das vezes, elas não compreenderem ou não serem informadas do que esse ato representa para o desenvolvimento do bebê que acabou de chegar e para ela mesma”, diz o texto.

De acordo com o documento, a adolescente grávida precisa receber atenção especial nos períodos pré-natal, natal e puerperal, para que, assim, supere as dificuldades com o apoio do parceiro, da família e da equipe de saúde. “Os profissionais de saúde desempenham papel importante ao reconhecer os momentos críticos em que suas intervenções são necessárias para assegurar a saúde de ambos e da nova composição e arranjos familiares. O pediatra deve fazer parte de modo a fazer a consulta sistemática desde o pré-natal, informando e orientando as dúvidas da jovem mãe”, enfatiza a publicação.

AMAMENTAÇÃO – Outros pontos levantados são se as adolescentes estão fisiologicamente preparadas para o ato de amamentar, se isso poderia ter efeitos prejudicais para o crescimento e o desenvolvimento da própria adolescente, e se o leite produzido pelas mães adolescentes tem composição similar ao gerado pelas mães adultas. Nesse sentido, a literatura destaca cuidado especial com alimentação ingerida pela mãe adolescente, principalmente, se sua menarca (primeira menstruação) ocorreu em período inferior a quatro anos em relação à primeira gestação.

Já em relação à quantidade de leite produzido e a idade materna, “sugere que o processo de maturação da adolescente poderia ter impacto significativo na sua habilidade de amamentar adequadamente, e que esse mesmo processo vincularia ao maior índice de desmame e introdução precoce de substitutos do leite materno por mães adolescentes, quando em comparação com mães adultas”.

No documento, são mostradas também as formas como as mães adolescentes aprendem sobre o aleitamento materno. Entre as estratégias para educação das adolescentes sobre o tema, estão os grupos de gestantes realizados nas unidades de saúde durante o pré-natal; a própria consulta pré-natal com o pediatra; os meios de comunicação, como a internet, facilitam o acesso a tais informações; a veiculação de campanhas na televisão incentiva a amamentação.