Durante nossa evolução alguns de nossos predadores e presas na cadeia alimentar se transformaram em utilitários e, ao serem domesticados estabeleceu-se um vínculo de afeto, sendo criado desta maneira o animal de estimação.
Além da questão do companheirismo, atualmente estes animais têm sido utilizados como auxiliares em processos terapêuticos em hospitais e instituições afins. É sabido que a posse responsável de um animal de estimação, desde que em harmonia e consenso familiar, pode ser positiva para a criança como um objeto de afeto. Entre outros fatores, ajuda a desenvolver hábitos de responsabilidade para com o outro, pode tornar-se um instrumento facilitador para informações sobre sexo, ajuda a entender a normalidade das necessidades fisiológicas (urinar e defecar) e acaba sendo um assunto em comum para conversas de pais e filhos, além de preparar a criança a lidar com a morte.
Embora existam várias razões que justifiquem a aquisição de um animal de estimação, não se deve esquecer que se trata de um animal irracional domesticado, podendo levar a riscos de mordedura com sérias lesões e em alguns casos à morte. Além da lesão própria da mordedura ou arranhadura há o risco de infecções graves, pois a boca do animal é altamente contaminada, assim como, doenças transmissíveis por mamíferos como a hidrofobia (raiva).
Pelo fato de cães e gatos serem os animais mais populares, são também os principais agressores, porém a maioria dos animais domésticos podem apresentar riscos de mordedura. Alguns animais “estão na moda”, como iguanas, cobras, macacos e outros nomeados como “exóticos”, cujo comportamento ainda não é de todo conhecido.
Como toda injúria não intencional, a mordedura é passível de prevenção.
Crianças gostam de brincadeiras com cães, que são considerados companheiros e amigos, mas, nessa convivência, é preciso conhecer as regras de segurança.
O quê todos devem saber:
Animais apresentam atitudes agressivas por medo ou defesa (território, dono, cria, alimento), portanto estas situações devem ser respeitadas. Atitudes como não se aproximar de animais desconhecidos, não desafiar ou agredir os animais auxiliam na prevenção de lesões. Outras medidas são importantes, como não tocar em animais sem a permissão do proprietário, além de respeitar e conhecer a natureza.
A mídia tem mostrado com freqüência casos muito graves, inclusive fatais, de ataque por cães da raça Pitbull, mas não se deve desconhecer o risco de agressão por outras raças.
A grande maioria de mordidas em crianças é causada por animais da própria família ou de vizinhos, e as crianças são agredidas mais freqüentemente que os adultos.
Os ataques mais graves geralmente acontecem com crianças pequenas e, nessa situação, é grande o risco de mordida na cabeça, na face e no pescoço. Em crianças maiores, as lesões ocorrem habitualmente nos braços e nas pernas.
Principais medidas de segurança:
As responsabilidades do proprietário: ter controle sobre o animal e adestrá-lo corretamente. Não estimular comportamento agressivo (principalmente se for cão). Em caso de animal feroz providenciar placas de alerta com ilustração (nem todos são alfabetizados). Conduzir o animal em locais públicos sempre com guia. Oferecer assistência veterinária periódica. Antes de adquirir um animal consultar veterinários, criadores e proprietários sobre as características e adaptação a rotina familiar. Se o animal apresentar comportamento indesejado consultar um veterinário, nunca abandoná-lo em locais públicos.
São sinais sugestivos de ataque iminente por alguns mamíferos: pêlo eriçado, dentes à mostra e rosnado, orelhas eretas e para frente, cauda elevada e reta e contato visual prolongado.
Ricardo Jukemura
Vera Lucia Venancio Gaspar
Saiba mais: Crianças e Adolescentes Seguros. Guia Completo para Prevenção de Acidentes e Violências. Sociedade Brasileira de Pediatria. Coordenadores: Renata D. Waksman, Regina M. C. Gikas e Wilson Maciel. Editora: Publifolha, 2005.
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