Por dr. José Hugo de Lins Pessoa
Começa um novo ano escolar, do curso fundamental aos cursos superiores os estudantes voltam às aulas. Ultrapassar o umbral de uma Faculdade de Medicina para assistir à primeira aula é um momento marcante na vida do jovem que escolheu ser médico. Mas, afinal, o que é ser médico? Existem várias respostas para essa questão. Ser médico é assumir um compromisso, utilizar os seus conhecimentos científicos e sua arte para cuidar da saúde das pessoas e da comunidade, exercer sua profissão com responsabilidade e ética, e, desse modo, ajudar o homem a enfrentar o sofrimento da doença.
As doenças ameaçam o ser humano desde os tempos iniciais, e todos sabemos a dor e os riscos de adoecer. O trabalho do médico é essencial para a sociedade, um dia cada de nós precisa de um deles. Para ser médico o estudante de medicina necessita aprender a ciência médica, realizar estágios práticos e formação ética. Após o curso, ele vai exercer a profissão em uma das vertentes do sistema de saúde.
O sistema de saúde de uma nação quando eficiente enriquece a população no vigor de sua plena autenticidade. A construção do edifício da saúde tem sido, historicamente, uma tarefa incompleta no Brasil. Um dos principais tijolos do edifício da saúde são os médicos. Não é possível construir um sistema de saúde sem médicos bem preparados, com condições de trabalho e adequadamente remunerados. As faculdades de medicina têm a grande responsabilidade de formar bons médicos.
Existem evidências fidedignas que as únicas formas de se conseguir um profissional fundado no conhecimento e na ética, são um bom curso de graduação, e a continuação dessa formação na residência de qualidade. Atualmente, o Brasil é o segundo país do mundo em número de faculdades de medicina (mais de 340). Entretanto, questiona-se a capacidade de inúmeras delas para a formação de bons profissionais. Inclusive, até já surgiram propostas da exigência de exames aos graduados antes da prática profissional.
Ainda mais, existem relatos que, desde quando se iniciou a equivocada política de abertura acelerada de faculdades de medicina no país, sem atentar para as necessidades da formação médica, a quantidade, o número de médicos, aumentou significativamente, mas, esse aumento não trouxe os benefícios esperados para a população. Parece que apenas aumentar a quantidade de médicos, sem preocupação com a qualidade da formação e sem atentar com as outras necessidades do sistema de saúde, não é suficiente para melhorar o atendimento médico no país, além de representar mais um grande desperdício humano e financeiro ao país.
Hoje, quando milhares de novos alunos ingressam nas centenas de escolas médicas do país, no século da revolução tecnológica, na época de grandes transformações na Medicina e na Sociedade, urge rediscutir a questão das faculdades de medicina no Brasil. Nessa discussão, é preciso excluir todos os interesses, políticos ou econômicos, que conflitem com a função principal da existência de uma faculdade de medicina: formar o médico preparado. O exercício da Medicina exige muito mais do que supor, é preciso distinguir entre o que é e o que parece ser.
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