A falta de diálise peritoneal (DP) pode colocar em risco a vida de pacientes pediátricos. Esse é o alerta presente na carta aberta encaminhada ao Ministério da Saúde, expressando a preocupação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) com o cenário atual vivido por crianças que dependem do tratamento, mas que são impossibilitadas devido à escassez de insumos e equipamentos essenciais para a realização da diálise.
No manifesto – assinado em conjunto com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) – os especialistas destacam a urgência da manutenção da oferta de DP em território nacional. O documento solicita também uma discussão conjunta com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre as medidas necessárias para a cobertura do tratamento no País.
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A presidente do Departamento Científico de Nefrologia da SBP, dra. Nilzete Liberato Bresolin, explica que as doenças renais são bastante frequentes em todas as faixas etárias pediátricas. Ela destaca que algumas podem, inclusive, ter início e ser diagnosticadas ainda durante a gestação, e quando evoluem com perda da função renal, há necessidade de tratamento dialítico, além do tratamento medicamentoso. Entre as possibilidades para a terapia dialítica em crianças está a diálise peritoneal.
Segundo a especialista, o procedimento é tecnicamente simples, de baixo custo e permite que crianças pequenas e em situações graves possam se tratar. Ela conta que outros tratamentos, como a hemodiálise e métodos contínuos de terapia de substituição renal, são mais caros e tecnicamente complexos, e necessitam de equipes treinadas. “Além disso, a hemodiálise pode gerar um impacto emocional e financeiro nas famílias dos pacientes, que precisam estar presentes durante o tratamento que é realizado de duas a três vezes por semana no hospital”, afirma.
Em relação à hemodiálise, a DP oferece vantagens no tratamento das crianças, como: menor risco de perda potencial do crescimento, perda da função renal residual, além da preservação dos acessos vasculares. No entanto, apesar da importância e dos benefícios do procedimento, os pacientes têm enfrentado dificuldades em encontrar o tratamento até mesmo em centros especializados em terapia substitutiva renal (TSR).
“A eventual suspensão e retirada da oferta de DP para pacientes pediátricos inviabiliza a continuação da vida para vários pacientes que não possuem peso mínimo para hemodiálise ou outra forma de terapia de substituição renal. Quando existe insuficiência renal grave aguda ou crônica há necessidade de terapia dialítica. Em alguns casos para os quais o tratamento definitivo é o transplante renal, o paciente necessita se manter em terapia dialítica até ganhar peso para poder ser transplantado ou até que chegue a sua vez para o transplante”, explica.
No documento encaminhado ao Ministério da Saúde, é destacado que o setor de TRS no Brasil atravessa uma longa fase de disparidade de custeio no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, as duas principais empresas de diálise peritoneal têm reduzido ao longo dos anos e de forma progressiva, o fornecimento de insumos. “Este fato se correlaciona com a limitação de cobertura dos custos financeiros, necessária para a manutenção deste método dialítico. E, sem dúvida, há necessidade de mobilização para que este cenário seja alterado”, ressalta a presidente do Departamento de Nefrologia Pediátrica da SBN, dra. Maria Goretti Penido.
As dras. Nilzete e Maria destacam que, para alterar o quadro enfrentado atualmente, é necessário envolvimento governamental e de instituições privadas para a cobertura e ajuste de custos financeiros que viabilizem a manutenção da terapia dialítica. Elas ressaltam ainda o papel que a educação continuada, por meio da SBP e SBN, pode oferecer capacitação no diagnóstico e tratamento clínico precoce das disfunções renais agudas e crônicas.
Porém, além da contribuição das entidades, as especialistas frisam a necessidade de apoio do governo para viabilizar e difundir treinamento em diálise peritoneal nos locais distantes de centros urbanos e que atendam crianças.
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