Apenas 14% das crianças com microcefalia por zika recebeu atendimento completo em 2017, admite Ministério da Saúde

Somente uma em cada sete crianças com anomalias por zika recebeu o atendimento completo para a condição no Brasil em 2017. Os dados foram divulgados no último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, criado para acompanhar a saúde de crianças brasileiras afetadas pelo vírus. Para o presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Marco Sáfadi, as informações do último boletim são preocupantes e exigem das autoridades sanitárias uma mobilização urgente.

Segundo o dr. Sáfadi, todos os esforços devem ser envidados para que as famílias que foram vítimas desta epidemia, em geral concentradas em bolsões de pobreza no nosso País, recebam todo o apoio necessário. “É urgente a necessidade de mobilização das autoridades sanitárias para que estas crianças possam ser acompanhadas e assistidas adequadamente, desde o seu nascimento, minimizando desta forma o impacto da infecção congênita pelo vírus zika”, observa.

O pediatra observa que as crianças vítimas da infecção congênita pelo vírus zika apresentam, em muitos casos, anormalidades graves, que incluem atraso no desenvolvimento neurológico e cognitivo, alterações visuais, auditivas, cardiológicas, motoras, entre outras. “Com o crescimento destas crianças, temos observado que muitas destas anormalidades presentes ao nascimento persistem, havendo casos em que elas inclusive se acentuam”, pontuou.

Na avaliação da presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, “é lamentável que tanto ainda precise ser feito pela saúde das nossas crianças e adolescentes”. Segundo ela, entre as principais lições aprendidas no cuidado a estas crianças, está a importância de uma estimulação precoce, com a participação de uma equipe multiprofissional de médicos de várias áreas, além de outros profissionais da saúde, como fisioterapeutas, enfermeiras, psicólogos, especialistas em reabilitação, entre outros.

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CASOS CONFIRMADOS – Segundo o boletim do Ministério da Saúde, o Brasil teve 542 casos confirmados de crianças com microcefalia associadas ao zika em 2017. Desses, apenas 14% receberam o cuidado completo; 18,5% tiveram acesso à estimulação precoce; 33,9% tiveram acesso à atenção especializada; 37,6% receberam atendimento em puericultura; e 45,6% receberam algum tipo de cuidado.

No boletim divulgado pelo Ministério da Saúde no começo de 2017 (referente ao período de 8/11/2015 a 14/01/2017), mais da metade das crianças recebia atendimento completo: 55,9%. Segundo a pasta, o motivo da diminuição ocorreu devido à mudança na metodologia e que era possível que os atendimentos anteriores contemplassem crianças com anomalias não associadas ao zika. As diretrizes do órgão indicam que o ideal é que essas crianças tenham acesso à puericultura, à atenção especializada e à estimulação precoce.

Até o dia 30 de dezembro de 2017, o país tinha 490 casos suspeitos de natimortos (nascido morto na hora do parto) e abortos em investigação. Desses, 45,3% permanecem em investigação, 16,3% foram descartados e 12,9% foram confirmados. Não foi possível confirmar a infecção em 1,8% e 6,3% foram classificados como prováveis. Outros 85 casos (17,3%) foram excluídos por não atenderem aos critérios para investigação.

CUMULATIVO – Entre 2015 e 2017, o Brasil notificou 15.298 casos suspeitos de crianças com anomalias associadas ao zika. As investigações não foram totalmente concluídas. Segundo o Ministério da Saúde, falta concluir 18,8% dos casos.

Dos casos em que a investigação foi concluída, 3.071 foram confirmados, 6.790 foram descartados, 339 foram classificados como prováveis e 230 foram classificados como inconclusivos. Ainda, 13% foram excluídos por não apresentarem os critérios para investigação.

*Com informações do site G1.

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