Após alerta da SBP, Ministério da Saúde lança campanha de prevenção à sífilis congênita

Após a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Conselho Federal de Medicina e da Federação das Associações Brasileiras de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) cobrarem publicamente a adoção de medidas urgentes para conter o avanço da sífilis congênita no Brasil, o Ministério da Saúde lançou um plano de ação para o enfrentamento da doença que tem …

Sífilis congênitaApós a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Conselho Federal de Medicina e da Federação das Associações Brasileiras de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) cobrarem publicamente a adoção de medidas urgentes para conter o avanço da sífilis congênita no Brasil, o Ministério da Saúde lançou um plano de ação para o enfrentamento da doença que tem contornos epidêmicos. Na solenidade de lançamento da agenda estratégica definida pelo governo para buscar a redução do problema, o Ministério da Saúde pediu apoio às entidades médicas neste esforço.

O plano anunciado pelo Ministério atende às seis medidas cobradas pela SBP, CFM e Febrasgo em alerta divulgado à sociedade, no início do mês. As três entidades cobraram a adoção urgente de medidas que visem a prevenção e o controle dos casos detectados. Entre as necessidades apontadas, constam: ampliação do acesso das gestantes a programas de pré-natal, com acompanhamento de médicos para o diagnóstico e a prescrição de tratamento; formação de equipes multidisciplinares para assegurar cuidado integral à gestante e dar seguimento ao plano terapêutico para cada situação e a oferta de quantidades suficientes de penicilina benzatina para tratar gestantes e seus parceiros e de penicilina cristalina para crianças com sífilis congênita.

 Para o secretário-geral da SBP, a adoção dessas medidas pode trazer benefícios importantes para a redução da incidência dos casos. “Juntos, governo, médicos e sociedade devem enfrentar esse quadro sombrio. Não tratar o tema com a prioridade devida é negligenciar responsabilidades constitucionais e, principalmente, abandonar uma parcela significativa da população em momentos únicos e delicados, como a gestação e o nascimento”, afirmou ele, que também integra a diretoria do CFM.

 “A participação da SBP na agenda nacional de combate à sífilis pode fortalecer as ações dos pediatras na atenção básica, nos ambulatórios de atenção secundárias e nas maternidades, onde ocorrem a maioria dos partos no Brasil”, disse a dra Maria Albertina Santiago Rego, do Departamento de Neonatologia da SBP, que representou a entidade na solenidade, em Brasília. Dra Luciana Silva, presidente da SBP, enfatizou a importância do pré-natal bem feito em cada uma das consultas e sua sistematização tanto para a mãe como para o recém-nascido.

Em sua avaliação, ao disponibilizar testes rápidos para o diagnóstico da doença na gestante e a penicilina para o tratamento dos pacientes, entre outros pontos, o tema passa a ser tratado de forma responsável.

 PLANO DE AÇÃO – No lançamento, o Ministério da Saúde apresentou a 19 entidades, entre elas a SBP, uma carta compromisso estabelecendo ações estratégicas para redução da sífilis congênita no país com prazo previsto de um ano. O foco é detectar precocemente a doença no início do pré-natal e encaminhar imediato tratamento com penicilina. Na ocasião, também foi apresentada uma campanha publicitária chamando atenção para ações de prevenção da sífilis e o Boletim Epidemiológico com números de casos no país. 

Coordenada pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, as ações transcorrerão entre o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, celebrado no terceiro sábado de outubro (15/10/16) e a data do próximo ano. Outra ação do Ministério para orientar e subsidiar os profissionais de saúde na realização da testagem pelos profissionais de saúde na atenção básica é o Manual Técnico para o Diagnóstico da Sífilis, lançado durante o evento. O Manual apresenta fluxogramas para o diagnóstico seguro da infecção e profissionais e serviços de saúde que poderão selecionar aquele que mais se adequa à sua realidade local.

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - Todos os tipos de sífilis – adulto, em gestantes e congênitas (em bebês) são de notificação obrigatória no país há, pelo menos, cinco anos. Segundo dados do Boletim Epidemiológico de 2016, entre os anos de 2014 e 2015, a sífilis adquirida teve um aumento de 32,7%, a sífilis em gestantes 20,9% e congênita, de 19%.

Em 2015, o número total de casos notificados de sífilis adquirida no Brasil foi de 65.878. No mesmo período, a taxa de detecção foi de 42,7 casos por 100 mil hab e a maioria são em homens, 136.835 (60,1%). No período de 2010 a junho de 2016, foi registrado um total de 227.663 casos de sífilis adquirida.

Em gestantes, no ano de 2015, a taxa de detecção da sífilis foi de 11,2 casos de sífilis em gestantes a cada 1.000 nascidos vivos, considerando o total de 33.365 casos da doença. Já de janeiro de 2005 a junho de 2016, foram notificados 169.546 casos. Com relação à sífilis congênita, em bebês, em 2015, foi notificado 19.228 casos da doença, uma taxa de incidência de 6,5 por 1.000 nascidos vivos. De 1998 a junho de 2016, foram notificados 142.961 casos em menores de um ano. O incremento entre os anos de 2013 e 2014 foi de 26,77% e entre os anos de 2014 e 2015 foi de 20,91% no número absoluto de casos novos diagnosticados.

CAMPANHA – Neste ano, a campanha de combate à sífilis terá como foco as gestantes jovens e seus parceiros sensibilizando-os para a realização do teste de sífilis no início da gestação e, também incentivando o parceiro a fazer o teste, evitando a reinfeção. A campanha inclui peças gráficas (cartaz e folheto); filme publicitário e um minidocumentário – Gestação Segura, Criança Saudável – a serem veiculados nas redes sociais até 30 de outubro.

No lançamento da campanha, foi publicada também a portaria que aprova o Manual Técnico para o Diagnóstico da Sífilis – que orienta e subsidia os profissionais de saúde na realização da testagem. O Manual apresenta três fluxogramas para o diagnóstico seguro da infecção; profissionais e serviços de saúde poderão selecionar aquele que mais se adequa à sua realidade local. (Com informações das assessorias do CFM e do Ministério da Saúde)