Após publicação de uma carta conjunta sobre a importância da elaboração de um documento de Protocolo Clínico e de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para a dermatite atópica, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) se reuniram com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC / Ministério da Saúde). Durante o encontro, as sociedades médicas foram convidadas a participarem ativamente da criação do PCDT e discutiram a incorporação da ciclosporina no Sistema Único de Saúde (SUS) para uso na dermatite atópica.
Uma equipe será escolhida pelo CONITEC para analisar as evidências para a criação do escopo inicial do PCDT. As sociedades médicas envolvidas participarão na inclusão de mais evidências e sugestão de medicações necessárias para o tratamento da doença, a partir do documento inicial. Após essa discussão o documento irá para consulta pública onde todos os médicos, sociedades, associações e, principalmente, os próprios pacientes poderão analisar e pontuar de forma científica, com evidências, como melhorar o PCDT. Após passar por todas as etapas descritas, estará disponível na página do CONITEC como todos os outros PCDTs.
“O PCDT não é rígido, mesmo após a publicação ele poderá ser revisado. As revisões, após a sua publicação, ocorrem conforme surjam novas evidências, modificando e tornando ele mais atual e agregando novas tecnologias e medicações conforme exista disponibilidade e orçamento para a sua inclusão”, explica o presidente do Departamento Científico de Dermatologia da SBP e representante da entidade na reunião, dr. Jandrei Markus. O prazo esperado de conclusão é de 180 dias, justificando a inclusão do uso da ciclosporina e os critérios para a sua disponibilização fornecida pelo SUS.
IMPORTÂNCIA - O especialista explica que a criação de um protocolo de uma doença possibilita a uniformização no diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes. Ele aponta ainda que, no caso da dermatite atópica – doença que atinge um número considerável de crianças – é uma esperança de um melhor atendimento e assistência, principalmente no SUS.
“Com a criação de um PCDT possibilita-se a discussão, demonstração da necessidade dos pacientes e uma futura incorporação de outras medicações como a ciclosporina, que se destina aos pacientes com gravidade. Apesar da incorporação da ciclosporina ser importante, atualmente existem outras medicações mais modernas e com melhores resultados, sendo que a discussão e criação do PCDT de dermatite atópica será decisiva para o início da incorporação de várias medicações necessárias para essa doença”, ressalta.
MEDICAÇÃO - Segundo dr. Jandrei, apesar da ciclosporina estar sendo colocada como uma medicação ultrapassada para a dermatite atópica, a criação do PCDT é um ponto chave para a inclusão de medicações básicas para essa doença que são utilizadas tanto em pacientes graves como nos leves. Atualmente, os pacientes necessitam de várias outras medicações que não são fornecidas.
"É importante frisar que o uso da ciclosporina é recomendado apenas para os casos graves da doença, sendo esse o foco inicial deste PCDT, mas ainda é um marco para realizar um tratamento adequado. Dessa forma, a criação deste documento pelo CONITEC e governo são um ponto de partida necessário para a melhoria no atendimento de todas as formas de dermatite atópica”, pontua.
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