A edição de maio da revista científica Vaccine, uma das principais revistas sobre vacinas do mundo, traz um artigo especial com os resultados de uma pesquisa realizada por Bio-Manguinhos/Fiocruz, liderada pelo consultor científico da entidade e membro da Academia Brasileira de Pediatria (ABP), dr. Reinaldo de Menezes Martins, sobre a eficácia da vacina diluída utilizada contra a febre amarela. Entre as informações apresentadas, a pesquisa constata que doses dissolvidas em até 587 Unidades Internacionais (UI) possuem efeito de imunização semelhante a dose usual padrão (27.476 UI).
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Segundo o especialista, a publicação do artigo em uma das mais conceituadas revistas sobre vacinas acrescenta credibilidade à pesquisa, fruto de 10 anos de trabalho. “Para um artigo ser aceito pela Vaccine, todos os dados e metodologia do estudo são rigorosamente esmiuçados, passando pelo crivo criterioso dos editores científicos. Esse resultado é um aval sobre os métodos e veracidade das conclusões apresentadas”, define o dr. Menezes.
Além dele, são co-autores do artigo os drs. Maria de Lourdes S. Maia, Sheila Maria Barbosa de Lima, Tatiana Guimarães de Noronha, Janaina Reis Xavier, Luiz Antonio Bastos Camacho, Elizabeth Maciel de Albuquerque, Roberto Henrique Guedes Farias, Thalita da Matta de Castro, Akira Homma, além de membros doCollaborative Group for Studies on Duration of Immunity from Yellow Fever Vaccine.
RESULTADOS – De acordo com o dr. Reinaldo Menezes, o artigo foi desenvolvido com base na análise de indivíduos que participaram dos testes com a imunização diluída, realizados pelo especialista em 2009, sob patrocínio do Instituto de Tecnologia em Imunológicos Bio-Manguinhos e em parceria com o exército brasileiro. “Na época, desenvolvemos um estudo a respeito de doses menores da vacina para verificar sua eficiência em relação à dose padrão. A vacina foi diluída em laboratório, de tal maneira que seis diferentes grupos de pessoas receberam a imunização na dose média usual (27.476 UI) ou diluída nas doses de 10.447 UI, 3.013 UI, 587 UI, 158 UI e 31 UI”, explica o médico.
No total, cerca de 900 pessoas participaram da pesquisa, sendo que 749 atenderam a todas as exigências do protocolo. Os resultados do estudo pioneiro demonstraram que doses com 587 UI ou mais induzem resposta imune semelhante à dose plena, com duração da imunidade durante pelo menos dez meses, enquanto que as doses de 158 UI e 31 UI apresentaram menor eficácia.
REPERCUSSÃO – O estudo serviu como base para a primeira utilização da vacina fracionada em larga escala, ocorrida na Angola e República Democrática do Congo, em 2016. “Os dois países foram acometidos por epidemias de febre amarela, com circulação do vírus dentro do perímetro urbano, mas não havia doses suficientes para imunizar a população. Por sugestão da equipe do Instituto Bio-Manguinhos, foram utilizadas doses fracionadas (0,1 mL, em vez de 0,5 mL) da vacina usada habitualmente nos Centros de Saude. A indicação, aceita por um grupo de especialistas de grande prestígio ligado à Organização Mundial da Saúde (OMS), foi adotada e teve efeito imediato contendo a epidemia”, salientou o dr. Reinaldo.
Apesar do sucesso constatado, ainda não existiam pesquisas sobre a duração a longo prazo das doses diluídas. Em 2017, o dr. Reinaldo, com a equipe de Bio-Manguinhos, reuniu os mesmos voluntários submetidos aos testes iniciais para averiguar a imunidade desses indivíduos em comparação à dose padrão usual, que em geral imuniza as pessoas por toda a vida. “O artigo publicado pela Vaccine aborda justamente o resultado dessa análise. Essa última pesquisa comprovou que a imunidade das doses com 587 UI ou mais se manteve adequada após o transcorrer de 8 anos. O que demonstra a eficácia da aplicação das doses fracionadas, atualmente em uso no Brasil”, enfatizou.
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