“Asma, atopia e a COVID-19” é o tema de novo alerta da SBP

O Departamento Científico de Alergia da Sociedade Brasileira de Pediatria publicou nesta semana a nota de alerta “Asma, Atopia e a COVID-19”. O texto busca explicitar o motivo da asma estar ausente, num primeiro momento, dos fatores de risco da doença e em que etapa do mecanismo patofisiológico evolutivo da COVID-19 estes pacientes asmáticos seriam beneficiados.

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Segundo a publicação, em torno de 15% dos indivíduos com a doença evoluem para sintomas pulmonares importantes e 5% destes culminam com resposta inflamatória intensa, com liberação maciça de mediadores pró-inflamatórios (tempestade de citocinas), no qual se destacam a interleucina (IL)-6 e IL-1b, que podem induzir a evolução para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), síndrome hemofagocítica, choque séptico e falência de múltiplos órgãos.

“Neste sentido, qualquer doença respiratória crônica de base, poderia, em teoria, ser fator de risco para agravo de pacientes infectados pelo SARS-CoV-2, como por exemplo, a asma. No entanto, os primeiros estudos de perfil epidemiológico, da COVID-19 na China identificaram como fatores de risco, a idade (maior que 60 anos), o tabagismo, o diabetes, a hipertensão arterial, a doença pulmonar obstrutiva crônica e outras doenças cardiovasculares, deixando a asma fora do escopo destes fatores de risco”, diz o documento.

HIPÓTESES – A nota afirma que, apesar dos dados disponíveis até o momento serem insuficientes para afirmar a relação de causa e efeito entre a condição atópica (Th2)/alérgica e a menor gravidade da infecção pelo SARS-CoV-2, há algumas hipóteses que podem ser depreendidas.

Entre elas, estão a atopia por si só poderia estar associada a fenômenos imunológicos regulatórios favoráveis no contexto antiviral; a eosinofilia marcante nos processos Th2-dependentes poderia ter algum efeito protetor na COVID-19; o uso prolongado de medicações anti-inflamatórias tópicas nos pacientes alérgicos/asmáticos poderia ser fator de proteção contra a difusão e replicação viral; a menor expressão de receptores ACE2, potencializada pela ação da IL-13, poderia ser mecanismo importante para a menor penetração viral e, consequente diminuição da gravidade da doença; e considetando que o ACE2 é o receptor celular utilizado pelo vírus, o mecanismo proposto pode explicar a menor incidência de formas graves de COVID-19 em asmáticos e alérgicos e, principalmente, sugerir uma nova linha pesquisa para estratégias terapêuticas de combate ao vírus. 

Informações atualizadas sobre o impacto da COVID-19 em Pediatria são disponibilizadas no novo site da SBP, disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/covid-19/