Aumento da resistência antimicrobiana nas infecções comunitárias e hospitalares é destaque na programação do 20º Infectoped

Começará na próxima quarta-feira (14) o 20º Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica (Infectoped), em Salvador (BA), organizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em parceria com a Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape). Na programação científica, os simpósios “Resistência antimicrobiana” e “Avanços no Controle de Antimicrobianos no Hospital” são destaques.

As primeiras palestras ocorrerão na sexta-feira (16), das 11h às 12h30, e serão coordenadas pela dra. Maria Luisa Freire Gonçalves. Os temas abordados serão “Manejo de infecções por patógenos gram-negativos resistentes”, ministrada pelo dr. Eitan Naaman Berezin; “Manejo de infecções por patógenos gram-positivos resistentes”, sob a responsabilidade da dra. Jaqueline Dario Capobiango; e “Diagnóstico e tratamento das infecções fúngicas em crianças criticamente enfermas”, lecionada pelo dr. Jaques Sztajnbok. Os 30 minutos finais serão abertos à discussão.

No sábado (17), na parte da manhã, ocorrerá uma série de exposições coordenadas pelas dras. Maria Luisa Freire Gonçalves e Mariana Freire Rodamilans. Estarão em pauta os seguintes temas: “Como implementar um programa de controle antimicrobiano em um hospital?”, com dra. Rosana Richtmann; “Isolamento – indicações e duração em surtos causados por vírus respiratórios”, com dr. Marcelo Comerlato Scotta; e “Novas tecnologias para a prevenção e controle de infecção”, com dr. Marcelo Otsuka.  Após haverá debates.

RESISTÊNCIA - Segundo dra. Maria Luisa Gonçalves, o acompanhamento de vigilância da resistência antimicrobiana ainda é um desafio e tem sido cada vez mais comum a abordagem da questão da infecção hospitalar. “Temos conhecimento de resistência bacteriana nos hospitais, mas falta ainda a epidemiologia da comunidade. Como o Brasil é um país gigantesco e com características muito particulares, dependendo da região, as pesquisas ficam muito concentradas nos grandes centros, o que não nos fornece uma visão do todo. Dessa forma, os infectologistas dependem muito da própria experiência e de troca de informações entre os profissionais”, explica.

Um grande problema citado pela especialista é a existência de diversos medicamentos que combatem com eficácia a resistência bacteriana. Ela também diz que as novas linhas de medicação de consumo lançadas e aprovadas nos Estados Unidos ainda enfrentam a burocracia para chegar ao Brasil. Além disso, poucos desses antimicrobianos lançados estão liberados e estudados para uso na pediatria.

Ela acredita que a solução para o problema seja multifatorial e envolve o uso ou não do antibiótico, ficando essa decisão associada às práticas de controle e transmissão hospitalar, ou seja, envolve uma estrutura muito além da prescrição médica. “Outras esferas estão englobadas nisso como a área administrativa dos hospitais em questões de limpeza e higienização”, exemplifica dra. Maria Luisa.

Além disso, a pediatra ressalta também a necessidade de conscientização sobre os riscos envolvidos na higienização malfeita das mãos. “Apesar de ela ser fundamental no combate a infecções e proliferação de bactérias, muitos profissionais não cumprem as regras e, de forma inconsequente, as transmitem por meio das mãos”, conclui.

OUTROS TEMAS – Durante os quatro dias de evento, especialistas nacionais e internacionais discutirão temas relacionados à prevenção e ao tratamento de doenças infecciosas, nas diferentes faixas etárias, com foco na população pediátrica. “A programação foi elaborada com cuidado e atenção a fim de dar acesso aos participantes aos últimos avanços sobre os conhecimentos nesta área”, enfatizou a presidente da SBP, dra Luciana Rodrigues Silva.

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De acordo com a presidente do Congresso, dra. Lêda Lúcia Moraes Ferreira, as dificuldades enfrentadas pelo Brasil na área da saúde pública darão a tônica do encontro. “Um desses problemas está relacionado à sífilis, cuja incidência tem crescido exponencialmente. Também serão abordados aspectos diagnósticos e de tratamento da sepse, HIV/Aids, caxumba e sarampo. Outro tema em destaque são as arboviroses, em evidência a partir das epidemias de dengue, zika e chikungunya, com repercussões especialmente graves no Nordeste do País”, disse.

Além dos simpósios acerca da resistência antimicrobiana, serão debatidos também os assuntos “Antivacinas e impacto na saúde pública”; “Desafios no diagnóstico, tratamento e prevenção de pneumonias adquiridas na comunidade”; “Impacto das vacinas influenza e pneumocócica nas pneumonias”; e “Novidades em Infecções Congênitas”.

A programação científica também contempla temas como “Sífilis: situação atual e recomendações no manejo”; “Saúde pública, epidemiologia e vacinas”; “Infecções congênitas e infecções tropicais”; entre outros.  As vagas restantes estarão disponíveis no local do evento. Os médicos associados à SBP possuem desconto na taxa de inscrição, conforme tabela vigente. Para mais informações, ACESSE AQUI.