SBP e diversas entidades médicas reforçam importância da decisão
06/03/12 – Juntamente com outras oito entidades médicas, a SBP está cobrando da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíba a venda de cigarros com aditivos de sabor em todo o território brasileiro. A decisão poderá ser tomada no dia 13 de março, durante reunião da diretoria colegiada da Agência. A Sociedade também apoia a campanha “Limite Tabaco”, da ONG Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), q ue propõe restringir as ações da indústria na atração de adolescentes e jovens ao consumo de cigarros.
Segundo o dr. João Paulo Becker Lotufo, da SBP e pneumologista responsável pelo projeto anti-drogas ilícitas do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, a luta contra o tabaco é muito importante e deve ser associada ao trabalho contra o álcool. “30 % das crianças de até 13 anos já experimentaram tabaco e álcool. Por isso, esta é uma responsabilidade também do pediatra”.
Polêmica dentro da Anvisa
Após duas consultas públicas, realizadas entre 2010 e 2011, e uma reunião sem conclusão, de acordo com o diretor da Anvisa, dr. Agenor Álvares, o encontro de março será decisivo: “Na reunião anterior houve divergência sobre a adição do açúcar em uma qualidade de folha de tabaco (Burley) que o perde no processo de secagem. Além disso, a indústria alegou que as famílias que vivem da produção deste fumo seriam prejudicadas. Entretanto, já temos tecnologia para prescindir do açúcar, e 85% da produção é para exportação. Portanto, agora deveremos bater o martelo. Se isso não ocorrer, temos que descobrir o motivo, porque nunca vi isso, este terceiro turno de debates. Sendo decidida a proibição, terá que ser mudado todo o processo de produção e há o tempo de escoamento dos produtos nas cidades. Portanto, a aplicação não será imediata”, explica.
O diretor da Agência lembra também que a adição de sabores tem como objetivo atrair principalmente crianças e jovens. “A OMS considera o tabagismo uma doença pediátrica. Sobram dados científicos que provam isso”. Mas também de acordo com o dr. Agenor, “existe claramente, no mundo inteiro, uma ação orquestrada deste segmento (da indústria)”, até porque a prevalência de fumantes vem caindo. “Significava 35% da população brasileira em 1989 e hoje está entre 15 a 16 %. Onde ocorre a expansão? Onde há menor renda e nível educacional. Tabagismo hoje é epidemia da pobreza”, afirma ainda o dr. Agenor Álvares.
Leia a íntegra da carta de nove entidades médicas ao presidente da Anvisa.
Conheça o movimento e participe do abaixo-assinado da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), acessando www.limitetabaco.org.br.