Os impactos diretos da pandemia de Covid-19, a grande preocupação com a possibilidade de aceleração da queda das coberturas vacinais e o consequente retorno de doenças controladas ou eliminadas foram debatidos no “Primeiro encontro da Coalização pela Vacinação no Brasil: ajudando a melhorar as coberturas vacinais em diferentes cenários epidemiológicos”. A transmissão da live contou com quase 700 participantes únicos e mais de 830 visualizações.
O encontro foi realizado pelas Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP), de Imunizações (SBIm), de Infectologia (SBI) e pela GSK Indústria Farmacêutica no Dia Nacional da Imunização, celebrado em 10 de junho, e teve como objetivo discutir a situação atual das coberturas vacinais no Brasil, a adesão à vacinação em diferentes cenários epidemiológicos, e estratégias para aumentar as coberturas vacinais no País, que sofreram queda devido à pandemia do novo coronavírus.
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“As vacinas vêm cumprindo um papel importante não só no Brasil, mas no mundo todo, como uma das principais ferramentas no controle de doenças e, principalmente, no aumento da expectativa de vida. Na era pré-vacinal, as doenças como coqueluche, paralisia infantil, entre outras, eram as responsáveis por manter elevados os índices de mortalidade infantil. Essas conquistas pós-vacinal só serão mantidas se conseguirmos elevar as taxas de vacinação”, destacou o presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri.
Ele observou que o relaxamento das coberturas vacinais no Brasil e em outros países vem trazendo consequências graves, uma vez que a população perde a percepção de risco. “É um momento desafiador e cabe a nós, profissionais de saúde, exigir a manutenção da vacinação junto aos pais”, ressaltou.
Representante do Programa Nacional de Imunização (PNI), dra. Ana Goretti mostrou que a queda na cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil vem ocorrendo desde 2016. Naquele ano, o índice era de 84,43%. Já em 2017, caiu para 83,71% e, em 2018, para 83,36%.
Para a vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo e a rubéola, os índices de vacinação na primeira dose eram de 94,4% em 2016; 90,4%, em 2017; e 88%, em 2018. No que se refere à segunda dose, essencial para que a criança fique imune à doença, a adesão foi ainda menor, sendo 76,7% em 2016; 75% em 2017; e 72,9% em 2018.
“Isso fez com que o sarampo, que já havia sido erradicado no Brasil, voltasse a aparecer em Roraima e se espalhando para outras regiões brasileiras. Com isso, o País perdeu o Certificado de Erradicação da doença”, salientou.
CAMPANHAS – O presidente da SBIm, dr. Juarez Cunha, por sua vez, reforçou que é necessário trabalhar a questão da vacinação para os adolescentes juntamente com as escolas e, ainda, investir na comunicação com esse público. “É importante termos uma comunicação efetiva com os profissionais de saúde para que possam de fato estabelecer uma conexão com os pais desse grupo especificamente”, observou.
“Vemos, de forma geral, vacinas que são importantes para prevenção de doenças em todas as faixas etárias, como a de influenza, por exemplo. Ainda assim, não tem uma imunização correta para alcançar as taxas de cobertura vacinal que esperamos”, complementou dra. Lessandra Michelin, diretora da SBI.
Dra. Francisca Andrade, especialista do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), contou que a instituição, em parceria com o Ministério da Saúde, está realizando um levantamento para descobrir as causas da baixa cobertura vacinal no Brasil. Entre os tópicos já analisados e compilados estão os horários de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde incompatíveis com os horários de trabalho dos pais; a falta de vacinas em algumas unidades; a falta de campanhas de massa; além das fake news.
“Temos que transformar todas essas questões discutidas em oportunidades para incentivar a vacinação e melhorar o índice vacinal e, consequentemente, a saúde das crianças e adolescentes”, finalizou Alejandro Lepetic, diretor médico da GSK.
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