Com o objetivo de fortalecer a luta contra a mortalidade neonatal, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) expandiu em 2023 suas fronteiras de atuação. Através do seu Programa de Reanimação Neonatal (PRN-SBP), a SBP realizou uma série de treinamentos especializados nas cidades moçambicanas de Beira, Nampula e Maputo, na África. Esta ação estratégica resultou na capacitação de 343 profissionais de saúde e na formação de 73 novos instrutores, estabelecendo também coordenações regionais para dar continuidade ao importante trabalho de salvar vidas neonatais.
A iniciativa faz parte de uma missão oficial do governo brasileiro, organizada em uma colaboração exemplar entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e a SBP, que também contou com o apoio do Ministério da Saúde de Moçambique (MISAU) e da Associação Moçambicana de Pediatras (AMOPE). O objetivo foi apoiar a implementação do Programa Moçambicano de Reanimação Neonatal. Este programa, liderado por profissionais moçambicanos, será adaptado às necessidades específicas do país, marcando um passo significativo na melhoria da saúde neonatal em Moçambique.
“Para nós da SBP é uma honra poder auxiliar os colegas africanos. Temos certeza de que os cursos do PRN ajudarão os especialistas a se sentirem mais preparados nas situações mais adversas. A união entre nós só tende a trazer benefícios para as crianças e adolescentes brasileiros e africanos, visto que os pediatras de cada lugar trazem um olhar único e diferenciado”, explicou o presidente da SBP, dr. Clóvis Francisco Constantino.
Ao regressar ao Brasil, no último dia 18 de novembro, a comitiva do PRN-SBP e uma aluna do curso compartilharam seus depoimentos sobre a importância da iniciativa e como isso os ajudará no cotidiano. Confira abaixo:
Dra. Marcela Damásio – coordenadora da ação PRN-SBP em Moçambique
“Sonho que se sonha junto, é realidade”. Após mais uma missão do PRN/SBP em Moçambique, fica a certeza que acertamos ao escolher o caminho da solidariedade e da fraternidade em busca de um mundo mais justo e equânime no que se refere ao acesso à saúde de qualidade para os recém-nascidos. Transmitimos, aos jovens colegas moçambicanos, um pouco da nossa experiência na reanimação neonatal. Recebemos em troca o desejo de aprender e transformar. Agradeço, do fundo do coração, aos queridos e comprometidos colegas brasileiros que aceitaram partilhar esse sonho. Aos colegas moçambicanos e à AMOPE que se desdobraram para nos apoiar. À SBP, à SMP e ao PRN/SBP pelo apoio em todas as etapas desse projeto. À Agência Brasileira de Cooperação por tornar esse projeto possível. Espero, em breve, ver e aplaudir, com orgulho, o jovem PRN/Moçambique se consolidar e garantir a cada bebê moçambicano, o direito ao nascimento seguro.
Dra. Márcia Penido
A oportunidade de participar da capacitação em reanimação neonatal na missão oficial do governo brasileiro em Moçambique foi uma honra e mais uma experiência rica e transformadora de vida. Voltamos sempre melhores!
Segundo o escritor Fernando Couto “gostaria que a minha vida fosse uma casa: de janelas abertas aos sonhos e de portas abertas aos outros".
Parabenizo a todas as Instituições participantes e, em especial, aos queridos e queridas Marcela - nossa coordenadora - e membros integrantes da Missão, pela competência, dedicação e responsabilidade na condução de toda a programação em três cidades de Moçambique!
Acredito orgulhosamente que a semente do Programa de Reanimação Neonatal Moçambicano irá florescer num futuro próximo.
Dra. Maria Aparecida Salles
Sabia que participar desta missão na África seria uma tarefa desafiadora. No entanto, não estava preparada para a receptividade, doçura, avidez pelo conhecimento que os profissionais de saúde africanos demonstraram. Apesar do cansaço, pela intensidade de nossas atividades próprias de cursos de imersão, me senti motivada a cada manhã a retomar nossas ações. Foi emocionante observar o desejo deles de aprender, incorporar às suas rotinas os novos conhecimentos, apesar das limitações de um país tão jovem, tentando se organizar na área da saúde pública. Gostaria que soubessem que a bagagem técnico-científica que a equipe de instrutores brasileiros do PRN da SBP tentou lhes repassar não foi maior que a experiência impactante que nos propiciaram. Estou certa de que a sensação de termos nos tornado pediatras melhores após cumprirmos esta missão é partilhada por toda a equipe.
Dra. Catarina Amorim
Ser convidada para essa missão foi uma grata surpresa e emoção. Quando recebi o telefonema da Marcela minha primeira resposta foi “claro” e meu segundo pensamento foi: “será que vou dar conta?”. A partir desse momento, a ansiedade começou a tomar conta de mim. A experiência foi maravilhosa! É incrível como a troca de energia com os profissionais de saúde e a população moçambicana trazem uma alegria sem tamanho. Sentir que podemos fazer a diferença, ver os olhos brilhando e cheios de ideias é gratificante. Eu só tenho a agradecer por tudo. Tenho certeza de que a semente que foi plantada dará uma árvore frondosa e com muitos frutos. Escrevo com lágrimas de saudades nos olhos e já com esperanças que possa participar de mais missões como essas no futuro. E a famosa música “valeu a pena somos pescadores de ilusões” nunca fez tanto sentido
Dr. José Henrique Moura
Quando a gente faz com o coração, não tem erro. Só pode dar certo.
Dra. Thais Queiroz
Pela segunda vez participo da Missão Brasil-Moçambique e lisonjeada pelo convite de participar deste trabalho. Treinar mais de 300 profissionais de saúde em duas semanas com intuito de melhorar a assistência neonatal dos recém-nascidos moçambicanos e, principalmente, deixar instrutores capacitados para dar continuidade neste treinamento para diminuir asfixia neonatal no País. Sensação de dever cumprido e coração acariciado com o carinho e receptividade da população moçambicana. Obrigada Sociedade Brasileira de Pediatria e ABC por esse trabalho intenso e emocionante.
Dr. Marynea Silva do Vale
Depois de intensos dias no continente africano, em companhia de valorosos profissionais, envolvidos e comprometidos em fazer diferença na vida de muitos bebês e suas famílias, retorno com o coração grato pela oportunidade de fazer parte desta tarefa, desta emoção, deste encanto, que é olhar nos olhos das pessoas em qualquer lugar do mundo e acreditar que é possível viver melhor, em um mundo mais saudável e afetuoso. Obrigada SBP, obrigada Sociedade Mineira de Pediatria e obrigada a todas essas pessoas que se uniram em uma grande corrente de salvar crianças!
Dra. Ana Maria Meyge
Em 2016 participei da primeira etapa do treinamento de pediatras em Reanimação Neonatal em Moçambique, na cidade de Maputo. Retorno sete anos depois numa missão ampliada em 3 cidades (Nampula, Beira e Maputo). Uma programação intensa e uma experiência única, emocionante e gratificante. Culturas diferentes com o mesmo objetivo de promover a assistência adequada ao nascimento dos bebês moçambicanos, a esperança no futuro do País.
Dra. Nívia Regina Moreira
Aceitei o convite para retornar a Moçambique com a esperança de quem quer ver a multiplicação dos resultados de um trabalho que está fazendo 30 anos no Brasil. Novamente me surpreendi com a realidade do povo moçambicano, mas também com a força de vontade de mudar as estatísticas e com a leveza com que enfrentam as adversidades. Volto transbordando de felicidade e gratidão. O número de alunos treinados foi impressionante e a disposição dos instrutores formados durante o período em que estivemos lá me impulsiona a seguir cumprindo a missão de transmitir o conhecimento para mudar a realidade dos recém-nascidos do mundo!
Dr. Jamil Pedro de Siqueira Caldas
Considero importante a participação brasileira nesses dois projetos e, com a formação de líderes locais, pretende-se a formação e a propagação de um programa moçambicano de reanimação e transporte neonatais.
Dra. Priscila de Lourdes Braga Champier Macome | Médica de clínica geral, atua no hospital Central da Beira, no serviço de urgência pediátrica – Aluna do curso
Agradeço a oportunidade que nos deram para nos trazer esse conhecimento mais apurado, mais simples e mais sofisticado. Gostei muito da formação porque nos fez abrir os olhos e a mudou algumas, que são diferentes daquilo que nós fazíamos, e que realmente foram provados que têm maior benefício em termos de salvar a vida do recém-nascido.
Algumas coisas vão ser mais difíceis por causa das diferenças de condições, como materiais e equipamentos que temos no País e aquilo que é recomendado mundialmente. Porém, é possível ter uma visão do que se pode fazer e como podemos tentar mudar. E, enquanto a mudança não acontece, já dá para tentar ter uma visão do que podemos adaptar das práticas do curso para a nossa realidade. Então, mais uma vez, o nosso muito obrigado.
Também quero parabenizar a equipe da Sociedade Brasileira de Pediatria que veio nos dar a formação. São pessoas de muita paciência que tiveram a delicadeza de nos explicar cada passo por passo e de esclarecer as nossas dúvidas, tendo em conta as pequenas diferenças de idiomas e da maneira como a gente fala o português de Moçambique e as diferenças com o português do Brasil. A comunicação foi mesmo excelente para a formação.
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